Às margens das rodovias quase tudo virou pasto

9 de março de 2020

Fabiano Maisonnave e Lalo Almeida, da Folha, foram a Xapuri, terra de Chico Mendes, visitar a RESEX que leva seu nome. Conversando com ex-seringueiros, ouviram que a criação de gado, mesmo sendo ilegal, dá menos problemas e mais dinheiro no fim do mês. Um deles fala de seus filhos: “Eles acham que o boi tem mais futuro. Se eles puderem vender um ou dois por mês, já têm dinheiro pra fazer a feira, remédio.” A lavoura não consegue brigar por espaço nas gôndolas dos supermercados. Segundo o ex-seringueiro, “o povo na rua se interessa mais no que vem plastificado, de qualidade. Eles dizem que a da gente é mal feita. Você leva 500 kg de farinha e passa a semana todinha pelejando para vender. A outra vem plastificadinha, o cabra já monta na prateleira. Não precisa comprar os materiais, ensacar.” Assim, mesmo em áreas protegidas, o pasto avança. A matéria também foi publicada pela Climate Home News.

Em tempo: comentando esta matéria no Facebook, o ex-diretor do ICMBio, Claudio Maretti, adiciona algumas informações importantes sobre a RESEX Chico Mendes:

– a grande maioria (95%) da RESEX Chico Mendes não está desmatada e muito menos pressionada que a parcela menor retratada pela matéria;

– a grande maioria das famílias tradicionais extrativistas continua como tal, vivendo do extrativismo, convivendo com a floresta, e a protegendo, sem a desmatar, mas são aquelas que vivem em outras partes da RESEX;

– grande parte do desmatamento é devido a uma área com ocupantes irregulares e produtores ilegais, não extrativistas;

– uma parte importante do desmatamento é devido a extrativistas que deixaram a atividade e passaram a se dedicar à pecuária, estimulados pelo mercado irregular, como diz a reportagem, mas esses extrativistas são franca minoria e estão relativamente concentrados; e

– ambos grupos, os ocupantes e produtores ilegais e os extrativistas irregulares, vivem ou atuam em áreas relativamente próximas da BR-317, que passa perto e liga Rio Branco e Xapuri, mas vai além (e também é chamada “Estrada do Pacífico” depois que passou a se conectar com o Peru), entre outros aspectos.

 

ClimaInfo, 9 de março de 2020.

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