Impactos das mudanças climáticas e do desmatamento sobre os planos de construção de hidrelétricas na Amazônia

hidreletricas da amazonia

No Brasil, a Bacia Amazônica é a fronteira para a energia hidrelétrica, mas as alterações no ciclo hidrológico decorrentes das mudanças climáticas e do desmatamento podem afetar os fluxos fluviais que alimentariam a geração de eletricidade.

Um estudo publicado na Nature investiga os efeitos das mudanças globais e regionais na maior rede de barragens planejadas e existentes dentro de uma única bacia na Amazônia (o rio Tapajόs), que no conjunto representam quase 50% do potencial de expansão inventariado no Brasil.

O estudo conclui que as condições hidrológicas futuras podem atrasar o período de geração máxima diária em algo entre 22 e 29 dias, agravando o descompasso entre a oferta sazonal de eletricidade e os picos de demanda. Também conclui que as mudanças climáticas podem diminuir o potencial hídrico da estação seca em algo entre 430 e 312 GWh por mês (-7,4 e -5,4%), enquanto os efeitos combinados do desmatamento poderiam aumentar a variabilidade interanual de 548 para algo entre 713 e 926 GWh por mês (+50% a +69%).

Os autores recomendam a incorporação das mudanças futuras no planejamento energético e na coordenação das operações de barragens, para ajudar no desenvolvimento de carteiras energéticas mais resilientes.

Uma ressalva nossa: como o estudo não entra nos custos adicionais trazidos pelas mudanças analisadas, nem nos impactos socioambientais locais dos projetos, este deve ser tomado como somente uma das análise necessárias para o bom planejamento energético.

 

ClimaInfo, 18 de março de 2020.

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