Investimentos verdes para estimular a economia e conter a mudança do clima

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O governo alemão está sendo instado a alinhar políticas de recuperação econômica às metas de Paris. Dentre elas, que seja um preço pelas emissões dos produtos vendidos pelas distribuidoras de petróleo e gás. Sessenta e oito grandes corporações europeias assinaram um documento por “uma economia resiliente que alcance a neutralidade climática através de inovação e competitividade”.

Daniela Chiaretti, no Valor, conversou com o embaixador alemão, Georg Witschel: “Estamos lutando agora com a pandemia e a recuperação econômica”, disse ele. “Muitos governos estão colocando fortes recursos para reerguer o mundo antigo, de antes da pandemia. Mas há uma oportunidade única: escolher um futuro moderno, investir em infraestrutura e tecnologia novas, boas para o clima”. O embaixador completou: “a COVID-19 irá desaparecer um dia. Mas a mudança climática continua e a perda de biodiversidade também tem algo a ver com pandemias.”

Para o Carbon Brief, o professor Cameron Hepburn e Brian O’Callaghan, da Universidade de Oxford, informaram que publicarão, em conjunto com os professores Nicholas Stern, Joseph Stiglitz e Dimitri Zenghelis, um estudo analisando um conjunto amplo de políticas de estímulo econômico. Foram incluídas aquelas mais alinhadas com a luta contra a mudança do clima e outras nem tanto. Os professores anunciaram ter feito uma pesquisa com 230 economistas renomados para classificar as políticas segundo a velocidade de implementação, o benefício econômico de longo prazo e o impacto climático. As maiores notas foram atribuídas àquelas mais “verdes”, como fontes renováveis de energia e a modernização de edificações, enquanto classificaram, na outra ponta, o salvamento incondicional das empresas de aviação. O The Guardian e a Universidade de Oxford também comentaram a pesquisa.

No mês passado, foi lançada a Aliança para uma Recuperação Verde na Europa, assinada por 12 ministros do meio ambiente, 79 membros do Parlamento Europeu, 37 CEOs e associações empresariais, além de grupos ambientalistas, sindicatos e think-tanks. Esta semana, a EuroActiv informou que a Aliança ganhou o reforço de 50 corporações do mundo financeiro. Entre elas, as seguradoras AXA e Allianz; os bancos BNP Paribas, Santander e BBVA; e as gestoras de fundos, Groupama Asset Management, Nordea Life & Pension e PensionDanmakr. A Aliança se diz engajada em planos de recuperação econômica verdadeiramente transformadores que colocam a luta contra as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade no centro das políticas econômicas europeias.

Outra coalizão, a Comissão para Transições Energéticas, soltou um documento dizendo: “Hoje, pedimos aos governos do mundo que apliquem sabiamente o estímulo econômico e invistam na economia do futuro”. O grupo é formado, dentre outras grandes corporações, por BP, Dalmia Cement, Iberdrola, Envision, Heathrow Airport, HSBC, Orsted, Schneider Electric, Shell, Allianz e SNAM. A notícia é da EuroActiv.

Vale ler a matéria de Roger Harrabin, na BBC, com boas comparações e bons infográficos. Ao final, ele lembra que a crise financeira de 2008 também abria a possibilidade de uma recuperação verde. Harrabin traz Nick Robins, da London School of Economics, mostrando uma estimativa segundo a qual apenas 16% das iniciativas podiam ser chamadas de verdes, principalmente porque a China investiu maciçamente em combustíveis fósseis: “Se temos alguma esperança de combater as mudanças climáticas, devemos ter certeza absoluta de que desta vez vamos fazer melhor”.

 

ClimaInfo, 7 de maio de 2020.

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