É possível enfrentar as mudanças climáticas e a recuperação pós-COVID?

8 de maio de 2020

Sim, diz Christiana Figueres, ex-secretária executiva da Convenção do Clima e uma das principais articuladoras do Acordo de Paris.

Não, responde Benjamin Zycher, do think tank neoconservador American Enterprise Institute (AEI). O Financial Times ouviu as duas respostas.

Figueres diz que não podemos nos dar o luxo de separar as duas crises. Ela recapitula os desastres recentes mostrando que o clima já está mudando perceptivelmente e que “os próximos 10 anos vão determinar se temos alguma chance de evitar os piores impactos das mudanças climáticas, [que são de] ordens de grandeza pior do que o impacto da COVID-19. Se até 2030 não tivermos reduzido as emissões globais de gases de efeito estufa pela metade, não seremos capazes de evitar os devastadores pontos sem volta que podem despedaçar a economia global e nos colocar diante de ameaças existenciais. Os custos da inação são espantosos – US$ 600 trilhões até o final do século.” Para ela, o cerne da questão é que as decisões econômicas que serão tomadas ao longo dos próximos 12 meses determinarão como será o mundo daqui há 10 anos, se teremos ou não  conseguido cortar as emissões pela metade.

Zycher, por sua vez, repete que a redução das emissões reduzem o crescimento econômico e reduzem o número de empregos. Precificar as emissões significa um aumento no preço da energia fóssil, o que reduz a atividade econômica e os empregos. Ele argumenta que as fontes renováveis não são competitivas e, prova disso, são os subsídios que elas recebem. Ele também apela para a situação dos países mais pobres que precisam de energia barata para crescer e melhorar a qualidade de vida de suas populações.

Zycher omite os trilhões em subsídios que as fontes fósseis recebem e o fato de que as renováveis já deixaram de ser subsidiadas em parte do mundo rico e continuam cada vez mais competitivas. E que os trilhões ganhos pelo setor fóssil ajudaram muito pouca gente a melhorar de vida.

 

ClimaInfo, 8 de maio de 2020.

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