Desmatamento para commodities agrícolas impulsionou os incêndios florestais de 2019 no Brasil e na Indonésia

queimadas

Uma nova análise de dados de satélites da NASA mostra a ocorrência de um milhão de focos de queimada entre julho e outubro do ano passado no Brasil. Na Indonésia, no mesmo período, ocorreram mais de 320 mil focos. As maiores perdas de florestas tropicais acontecem nesses dois países.

Pesquisadores da Aidenvironment escreveram um artigo tão longo quanto importante na Chain Reaction Research sobre estes dados. Eles estimam que o total da área queimada no Brasil no ano passado tenha atingido 320 mil km2, quase 4% do território nacional.

Cruzando a localização das queimadas com a localização de instalações frigoríficas e silos de armazenagem de grãos, foi possível observar que um grande número de incêndios ocorreu em áreas próximas às instalações de empresas como JBS, Cargill e Bunge.

Entre as traders de soja, o número de queimadas no entorno dos silos da Bunge e da Cargill foi da ordem de 40 mil, mais que as soma das queimadas registradas nas proximidades de todos os demais grandes concorrentes.

Quanto aos frigoríficos, as queimadas registradas nas próximas das unidades da JBS e da Marfrig foram mais que o dobro das que ocorreram nas proximidades das instalações de concorrentes.

O artigo faz uma advertência: a maioria das empresas de venda direta ao consumidor, como supermercados e restaurantes, terão que se preocupar cada vez mais com suas cadeias de suprimentos. Isto porque muitas destas fazem parte do Consumer Goods Forum e captam recursos no mercado financeiro. Na Europa, tanto o Fórum quanto um número cada vez maior de agentes financeiros estão assumindo compromissos climáticos e de desmatamento zero.

Quem tiver fumaça embutida em seus produtos pode perder clientela e créditos bancários.

 

ClimaInfo, 14 de maio de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)
x (x)