Sem Salles, Mourão tenta ressuscitar o Fundo Amazônia

Mourão Fundo Amazônia

O general vice-presidente iniciou ontem mais um esforço de “redução de danos” ao retomar formalmente conversas com representantes de Noruega e Alemanha para a reativação do Fundo Amazônia. Desde meados do ano passado os recursos destinados por noruegueses e alemães para financiar atividades de desenvolvimento sustentável e conservação florestal na Amazônia brasileira estão congelados por conta da pressão de Ricardo Salles para rediscutir sua gestão e a forma de aplicação.

Em seu Twitter, Mourão celebrou a retomada das conversas, destacando sua proposta para reativação do Fundo e convidando os embaixadores dos dois países a visitar as bases da Operação Verde Brasil 2, a GLO que há mais de duas semanas busca combater o desmatamento da Amazônia.

Segundo Mourão, o governo deve recriar o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), extinto em abril de 2019 na canetada de Bolsonaro que fechou centenas de órgãos colegiados ligados à União. A extinção desse Comitê foi um dos motivos pelos quais Noruega e Alemanha suspenderam os repasses de recursos em junho do ano passado, junto com o aumento acentuado do desmatamento na região.

No entanto, a recriação pode incluir uma mudança importante na composição do COFA: a presidência do colegiado não mais será de Salles, mas do próprio vice-presidente. Além disso, os 27 integrantes do Comitê serão divididos em partes iguais entre o governo federal, os estados da Amazônia Legal e a sociedade civil. Pela proposta, o Comitê não ficaria apenas responsável pelas diretrizes do Fundo, mas também pela aprovação política das iniciativas a serem financiadas com seus recursos.

Contrastando com a atitude pouco cooperativa de Salles e de Bolsonaro, o vice-presidente buscou agradar os parceiros noruegueses e alemães. A própria saída do ministro do Meio Ambiente da presidência da COFA é vista como uma tentativa de retirar Salles das conversas sobre o Fundo Amazônia. Mourão também minimizou declarações polêmicas dadas por Bolsonaro contra o Fundo Amazônia e seus financiadores no passado. O presidente chegou a dizer que o Brasil não precisava do dinheiro de outros países para proteger sua floresta.

No entanto, o caminho para o financiamento para a proteção da Amazônia pode ser longo. Como informa Ricardo Della Coletta na Folha, os diplomatas disseram a Mourão que a retomada imediata do Fundo é inviável, principalmente por causa da péssima imagem que o Brasil tem na Europa em termos ambientais, especialmente depois das sucessivas polêmicas protagonizadas por Bolsonaro e Salles. De toda forma, as conversas entre o vice-presidente e os governos da Noruega e Alemanha devem seguir, agora sem o azedume que o ministro do Meio Ambiente causava nos parceiros internacionais.

 

ClimaInfo, 29 de maio de 2020.

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