Mercado aquecido para tratores de esteira indica mais desmatamento à frente

tratores

Na Gazeta do Povo, Giulia Fontes traz números que reforçam a percepção de muitos ambientalistas e especialistas que acompanham a evolução do ritmo de desmatamento na Amazônia nos últimos tempos. Partindo de dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (ANFAVEA) sobre vendas de tratores de esteira nos primeiros quatro meses de 2020, ela mostra que houve um aumento expressivo nessas operações, com 247 equipamentos desse tipo sendo vendidos no Brasil, mais que o dobro do registrado no mesmo período no ano passado. Esse tipo de trator é utilizado geralmente em duas atividades: a construção civil, que vem se reaquecendo de maneira tímida depois de cinco anos de queda, e o desmatamento, que bateu sucessivos recordes nos últimos anos.

“A questão principal é que 2019 não foi um ano particularmente bom para a construção civil. Muito menos os primeiros meses de 2020”, argumenta Raoni Rajão, ouvido pela Gazeta do Povo. “O investimento público também está menor, então a evidência aponta que esses equipamentos não estão sendo usados para construir estradas”.

Enquanto os desmatadores se equipam para destruir a floresta, o Exército Brasileiro segue com sua Operação Verde Brasil 2, a GLO em andamento desde o mês passado para coibir o desmatamento e as queimadas ilegais na Amazônia – por ora, com muita apreensão de equipamentos e madeira ilegal, mas com poucas detenções. No Pará, a força-tarefa dos militares com o Ibama apreendeu dois tratores, uma motosserra e uma escavadeira em fazendas na cidade de São Félix do Xingu. Os agentes federais também autuaram um homem por desmatamento, com multa de R$ 510 mil. Já no Acre, os agentes apreenderam mais madeira ilegal e aplicaram multas de R$ 440 mil em ações realizadas em Feijó e Manoel Urbano.

 

ClimaInfo, 1º de junho de 2020.

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