O colapso do carvão

2 de junho de 2020

A pandemia acelerou um movimento que já se prenunciava há algum tempo: o setor carvoeiro foi um dos mais atingidos pelo desaquecimento econômico causado pela proliferação global da COVID-19, e sua sobrevivência no pós-pandemia será muito difícil.

Nos EUA, mais de 6 mil trabalhadores de minas de extração de carvão foram dispensados entre março e abril. Esta é a maior perda de empregos do setor em seis décadas.

Além dos efeitos da pandemia sobre a economia norte-americana, que reduziu a demanda elétrica, o carvão sofre também com o avanço das fontes renováveis, que devem superar esse combustível na geração elétrica do país pela 1ª vez na história neste ano. Como destaca o Guardian, o ano passado já foi difícil para o setor nos EUA. A geração de eletricidade por carvão foi a menor em 42 anos, o que contribuiu para que oito companhias pedissem falência.

Do outro lado do Atlântico, a situação do setor carvoeiro é igualmente complicada. No Reino Unido, um dos maiores consumidores europeus do combustível fóssil, o sistema elétrico comemorou em maio o 1º mês de calendário com geração elétrica sem o uso de carvão. Segundo autoridades britânicas, a primavera ensolarada ajudou a impulsionar a geração elétrica por painéis fotovoltaicos, que acabou substituindo a eletricidade antes gerada pela queima de carvão. A queda na demanda causada pela pandemia também contribuiu para esse feito. Desde abril, o sistema elétrico britânico está funcionando sem recorrer às usinas termelétricas de carvão, somando 54 dias consecutivos.

Já na Alemanha, a população aproveitou o retorno às ruas pós-pandemia para reforçar sua oposição a novos projetos de carvão. No final de semana, cerca de 500 ativistas se reuniram nos arredores da usina termelétrica em Datteln, na região do Ruhr, que começou a operar na semana passada após quase dez anos de atraso. Os manifestantes criticaram o início das operações da planta meses após o governo alemão apresentar um plano para abandonar definitivamente o combustível até 2038. No Twitter, a ativista Greta Thunberg criticou a inauguração da usina e disse que era um “dia vergonhoso” para a Europa.

Em tempo: Vale a pena ler uma reportagem do Guardian sobre os dilemas e as dificuldades vividas por profissionais do setor carvoeiro no leste da Alemanha. Na época do comunismo na antiga Alemanha Oriental, esses trabalhadores tinham um status especial dentro do regime e eram vistos como vitais para a independência energética do regime comunista. Hoje, sob um governo determinado a abandonar o carvão em 18 anos, o setor vive uma agonia sem fim, debaixo de críticas frequentes de ambientalistas e sem o status do passado.

 

ClimaInfo, 3 de junho de 2020.

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