O sociólogo Richard Sennett (London School of Economics & MIT) faz, no El País, observações muito interessantes sobre o que aprendemos com a pandemia nas cidades e as mudanças climáticas.
Para o combate às mudanças climáticas é bom que vivamos em cidades adensadas, que vivamos de forma mais compacta, usando o transporte público e não carros. Mas a densidade populacional também pode ser uma ameaça, como vimos na pandemia. É portanto importante desenvolvermos formas para que nossas cidades sejam tanto verdes como saudáveis. Sennett cita que a proposta da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, é a que mais lhe agrada: criar “nós de concentração”, ou “cidades de 15 minutos”.
“Nelas, as pessoas podem chegar de bicicleta ou andando em 15 minutos a um centro ao qual não se necessite de transporte público, que pode chegar a ser muito perigoso em casos como o que vivemos atualmente”, aponta Sennett. “É uma mudança enorme. Em cidades como Paris, significa reconstruir totalmente a urbe. Seria algo mais parecido com Londres, que é uma espécie de acúmulo de muitas cidades entre as quais você pode se deslocar a pé”.
No entanto, esse caminho seria inviável no sul global, onde as pessoas vivem na periferia, a horas de distância de seus trabalhos. Para Sennett, é possível se pensar em alternativas nesses casos. “Existem maneiras de, pelo menos, se criar redes de comunicação para que as pessoas saibam o que acontece no resto da cidade e possam reagir. (…) Não é uma grande opção, mas há tão pouco dinheiro na maioria das cidades dos países em desenvolvimento que a situação é completamente diferente. A não ser que haja uma mudança maciça na economia e no poder estatal, é mais uma estratégia de adaptação”.
Sennett também critica o liberalismo como força econômica, por ter enfraquecido as rede de proteção social que nos ajudariam em casos de crise.
ClimaInfo, 16 de junho de 2020.
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