Desmatamento da bacia do Xingu é o que mais cresce na Amazônia

18 de junho de 2020

A destruição da floresta na bacia do rio Xingu cresceu 20% no período janeiro-abril deste ano em relação ao mesmo período de 2019, apesar das dezenas de Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação (UC) existentes na região. Esta é a maior taxa de desmatamento de toda a ASirad Xmazônia Legal.

O levantamento feito pelo sistema de monitoramento Sirad X, coordenado pela Rede Xingu+, mostra que 25% do desmatamento – quase 9 mil hectares – ocorreu justamente nas áreas protegidas, 56% a mais que no mesmo período do ano passado. Cinco TIs e três UCs concentraram 38% do desmatamento detectado na bacia e 95% do total desmatado em todas as áreas protegidas da região.

Os dados motivaram um grupo de organizações da sociedade civil a enviar ofício ao Ministério Público Federal do Pará e ao governo paraense detalhando as informações e pedindo a tomada de ações efetivas e urgentes nos níveis estadual e federal para coibir o desmatamento. Assinado pela Rede Xingu + e, também por Greenpeace Brasil, IEB, Imaflora e ISA, o documento alerta para a interiorização do chamado “Arco do Desmatamento” observada ao longo de rodovias como a Transamazônica, a BR-163 e a PA-279.

De acordo com a análise presente no ofício, o crescimento do desmatamento se deve ao enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e à especulação imobiliária causada por projetos de infraestrutura, como a usina Belo Monte e a Ferrogrão, ferrovia em projeto.

Folha e Estadão deram destaque ao assunto.

Em tempo 1: O vice-presidente e chefe do Conselho da Amazônia disse que “um dos objetivos” do trabalho que vem sendo feito nos últimos meses é retomar a “narrativa” em torno da preservação florestal, e “enfrentar os mitos que são criados” que colocam o governo como inerte com relação ao desmatamento e às queimadas. “Perdemos o discurso, o domínio da narrativa no ano passado. A primeira coisa que temos que reconhecer é que existem erros. Mas dizer que nós estamos atuando, que o governo não está se omitindo”, disse Mourão em videoconferência com empresários goianos na 3ª feira passada (16/6).

Em tempo 2: Mourão deu o cano na reunião da Frente Parlamentar Ambientalista de ontem, onde discutiria planos contra o desmatamento da Floresta Amazônica. Ele era muito aguardado pelos parlamentares, mas desistiu alegando ter sido chamado para uma reunião com o Bolsonaro.

Em tempo 3: “Por aqui, a equação de ganha-ganha torna-se perde-perde enquanto exercemos, de maneira intransigente, uma soberania pautada no direito à autodestruição”, comenta Natalie Unterstell em artigo no UOL-Ecoa, ao falar sobre as trapalhadas e irresponsabilidades da política antiambiental do governo Bolsonaro. Mais do que os micos internacionais protagonizados pelo Brasil nos últimos meses, o que dói mesmo é ver como a atual administração parece comprometida com o erro, mesmo que ao custo da perda de prestígio e competitividade para o país.

 

ClimaInfo, 18 de junho de 2020.

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