Com desmatamento em alta, governo estende operação militar na Amazônia até novembro

forças armadas Amazônia

Até agora, a presença das Forças Armadas na Amazônia não foi capaz de reduzir o ritmo de destruição florestal. Na Folha, Phillippe Watanabe destaca que, de acordo com dados do sistema DETER-INPE, a Floresta Amazônica sofreu o 14º mês seguido de crescimento no desmatamento. Em comparação com junho de 2019, a taxa de desmatamento subiu 10%, chegando a 1.000 km2 de perda de cobertura vegetal. Já na comparação com outros anos, esse dado fica ainda mais explícito: com relação a junho de 2018, o mês passado teve destruição florestal 112% maior; com o mesmo mês em 2017, junho de 2020 registrou aumento de 70%.

No G1, Elida Oliveira informa que, no acumulado dos últimos 11 meses, os alertas de desmatamento cresceram 64% na comparação com o mesmo período no ano anterior – de 4,5 mil km2 para 7,5 mil km2 de floresta desmatada. O dado reforça a expectativa de que os números agregados do período de agosto de 2019 a julho de 2020, sintetizados pelo sistema de monitoramento PRODES-INPE, devem ser maiores que os 10.129 km2 de área desmatada registrada no período anterior.

Considerando esse cenário, o governo resolveu prorrogar a Operação Verde Brasil 2, liderada pelas Forças Armadas, até o mês de novembro. Até agora, as ações de fiscalização feitas no âmbito desta operação resultaram na aplicação de multas por crimes e violações ambientais que somam R$ 407 milhões, informa o Estadão. Se o valor das multas parece alto, o orçamento efetivo das ações segue sendo um obstáculo: Mourão admitiu que o Ministério da Economia ainda não liberou “nenhum centavo” dos cerca de R$ 60 milhões mensais inicialmente prometidos para financiar o trabalho, o que tem alimentado tensões entre o vice-presidente e o ministro Paulo Guedes.

Em tempo 1: O ministro da defesa, general Fernando Azevedo e Silva, defendeu o fim do conceito de Amazônia Legal para efeitos legais. “É um conceito ultrapassado. Tenho ido muito à Amazônia. (…) A gente voa horas dentro do bioma Amazônia completamente preservado, mas o conceito de Amazônia Legal, que abrange população do entorno, não está de acordo com o bioma da Amazônia em si”. Ouvido pelo Estadão, o coordenador do Observatório do Clima, Márcio Astrini, disse que “em termos ambientais, o fim do conceito diminui o índice de reserva em algumas regiões na Amazônia, aumentando a possibilidade de desmatamento”.

Em tempo 3: Você sabe a diferença entre Amazônia e Mata Atlântica? Se não souber, vale a pena conferir a explicação feita pela SOS Mata Atlântica sobre os dois biomas. Assim, você evita repetir o mico recentemente protagonizado por certa autoridade federal em rede nacional de televisão… #ficaadica

 

ClimaInfo, 13 de julho de 2020.

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