Empresários cobram do governo Bolsonaro ação climática e queda no desmatamento

empresários

Na conversa com empresários realizada na 6ª feira (10/7), a pauta central de demandas para o governo girou em torno de três pontos principais: a implementação dos compromissos de redução de emissões pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris, a redução no desmatamento da Amazônia e a implementação de um mercado de créditos de carbono no país.

Para eles, a devastação ambiental e a corrosão no prestígio internacional do Brasil já está causando problemas. Na Folha, Fernanda Perrin destaca que as empresas brasileiras têm recebido menos investimento neste ano em função dessa crise. “Por mais que a gente [como empresários] faça, se aquela região é contaminada [por desmatamento e crimes ambientais], porque quem está fazendo errado não está sendo punido, isso resvala nos nossos negócios”, argumentou Marina Grosso, presidente do CEBDS, uma das articuladoras da mobilização empresarial.

Já no Valor, Fernando Lopes e Marina Salles apontam problemas que algumas empresas estão sofrendo nos últimos tempos por causa da devastação ambiental no Brasil, o que está afetando não apenas grandes cadeias de commodities, mas também (e com muito mais força), exportadores de porte menor.

Outro ponto destacado pelos empresários na discussão sobre desmatamento foi a adoção de metas para o rastreamento total do gado no Brasil, ressaltado na conversa pelo presidente do conselho de administração da Marfrig, Marcos Molina. “Temos que fazer um pacto entre governo e mercado para o Brasil executar isso o mais rápido possível porque ia começar a mudar o status do país. Isso valoriza a nossa carne, acaba com a sonegação e com o boi ilegal”, disse ele no Painel S/A da Folha.

Já para os representantes da gestora norueguesa de investimentos Nordea Asset Management, no entanto, a conversa com o governo ainda não trouxe clareza quanto às metas e ações contra o desmatamento. “Ainda permanece pendente um plano diretor ou estrutura abrangente sobre como controlar de maneira eficaz e comprovada o desmatamento a médio e longo prazo”, disse Eric Pedersen, diretor de investimentos da companhia, para Ana Carolina Amaral na Folha.

Em tempo: Pela perspectiva dos investidores, vale a pena ler as entrevistas feitas pelo Estadão com Alessandro Zema, presidente do Banco Morgan Stanley no Brasil, e com o economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil, Pérsio Arida. O tom de ambos é parecido: o mercado financeiro está demandando cada vez mais ações e compromissos de governos e empresas com ação climática e preservação ambiental, mas o Brasil está tropeçando e arriscando desperdiçar o que poderia ser uma oportunidade de ouro por causa do desmatamento na Amazônia e a política ambiental tóxica do governo Bolsonaro.

 

ClimaInfo, 13 de julho de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)