Em entrevista dada à Globonews na 3ª feira (14/7), Mourão voltou a defender Ricardo Salles das críticas sobre sua atuação à frente do Ministério do Meio Ambiente, mas reforçou que não é “tutor” do ministro.
“Quando o ministro Salles naquela reunião falou essa famosa história de passar a boiada, ele se referia a medidas infralegais de todos os ministérios, questões de desburocratização que estão travadas. É óbvio que o ministro entrou no imaginário de todos como inimigo número 1 do meio ambiente, e na realidade ele não é isso”, disse Mourão, citado pelo jornal O Globo. “Como todos nós, às vezes comete algum erro. A visão dele é uma visão de preservação usando mais o lado da economia do que da repressão pura e simples”.
Mourão disse que os danos ambientais que o Brasil sofre atualmente não podem ser colocados na conta do atual ministro, já que o desmatamento está em crescimento desde 2012. Ele também apontou um “choque” causado pela atuação de Salles com a “estrutura estabelecida” no ministério como razão do mau humor de alguns setores. “Vejo que o Ricardo está como a Geni, vamos tacar pedra no Ricardo. É o inimigo número 1 do meio ambiente. Eu não vejo dessa forma”.
Ontem (15/7), também para a Globonews, Salles se defendeu das críticas e reforçou sua disposição em seguir no governo “enquanto o presidente entender que eu faço um bom trabalho”. Salles aproveitou parte da defesa feita por Mourão na noite anterior e reafirmou que o crescimento no desmatamento não é resultado do governo Bolsonaro, mas sim de gestões anteriores. O Estadão apontou o problema desse argumento de “herança maldita” ambiental: ainda que o desmatamento esteja crescendo de maneira geral desde 2012, o processo de destruição florestal se intensificou desde o início do governo de Bolsonaro. Nos últimos 14 meses, o desmatamento cresce a taxas muito acima das observadas nos 14 meses anteriores.
Em tempo 1: N’O Globo, Renato Grandelle informou que funcionários do Ministério do Meio Ambiente enviaram ofício ao ministro Ricardo Salles e ao TCU denunciando problemas sérios no dia-a-dia da pasta, como falta de diálogo, programas incompletos, propaganda irregular, “mordaça” e assédio moral. O principal alvo das críticas é a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), responsável por programas tidos como prioritários na gestão Salles, como a Agenda Ambiental Urbana. De acordo com a denúncia, muitos programas anunciados pela SQA ainda não saíram do papel, mas estão sendo divulgados ao público como se estivessem em implantação. Além disso, o ofício diz que resultados obtidos por estados e municípios estão sendo incluídos no balanço dessas iniciativas, apropriados irregularmente pelo governo federal.
Em tempo 2: O ministro Marcos Pontes anunciou um novo sistema de monitoramento do desmatamento na Amazônia que, segundo ele, será mais preciso e ajudará a conter a devastação nas áreas mais críticas. Denominado DETER Intenso, esse sistema contará com um novo satélite, o Amazônia-1, com lançamento previsto para 2021. Dentro do governo, o anúncio é visto como uma tentativa de conter o dano causado pela exoneração de Lubia Vinhas da coordenação da Observação da Terra do INPE, departamento responsável pela gestão dos sistemas de monitoramento via satélite. Mais uma vez, Pontes, reforçou que a saída de Lubia Vinhas não se deve à divulgação recente de resultados negativos sobre o desmatamento na Amazônia, mas a um programa de reestruturação do INPE que vem sendo implantado desde o começo do ano.
ClimaInfo, 16 de julho de 2020.
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