Militares querem mais recursos para GLO na Amazônia, enquanto usam o já disponibilizado para pintar suas bases

GLO Amazônia

O governo enviou ao Congresso Nacional na semana passada um projeto solicitando liberação de verba para o ministério da defesa. O objetivo seria injetar mais recursos na Operação Verde Brasil 2, que desde maio está em andamento na Amazônia para combater o desmatamento ilegal e as queimadas na região. Se aprovado, os militares devem receber cerca de R$ 410 milhões, que financiarão suas atividades na floresta até novembro.

No começo deste mês, a operação foi alvo de críticas por ter executado menos de 1% de seu orçamento inicial de R$ 60 milhões nos primeiros dois meses de trabalho. A pasta da defesa, responsável pela Operação Verde Brasil 2, reconheceu ainda que ainda não tinha recebido “sequer um centavo” dos recursos prometidos pelo governo federal ainda em maio.

No entanto, André Borges informou no Estadão que, mesmo com recursos escassos para financiar o trabalho em campo, os militares estão usando o pouco dinheiro disponível para ações como pintura de unidades da Marinha do Brasil, inclusive em bases sem relação com a região amazônica. Por exemplo, o Centro de Intendência da corporação, localizado no Mato Grosso do Sul (estado fora da área da Amazônia Legal), recebeu cerca de R$ 244 mil do orçamento da Operação Verde Brasil 2 para compra de mais de 600 latas de tinta, nas cores branco neve e gelo. A maior parte dos gastos registrados (R$ 2,7 milhões), entretanto, está atrelada ao conserto de helicópteros da defesa, para compra de peças e serviços de manutenção de aeronaves.

Em tempo: No rodízio da negação do governo Bolsonaro, na 2ª feira (20/7) foi a vez do ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, rejeitar a existência de devastação ambiental na Amazônia e contestar as críticas internacionais à política ambiental. Em entrevista à Jovem Pan, Heleno elogiou a atuação do vice-presidente Mourão no comando do Conselho da Amazônia e defendeu uma presença redobrada do Estado na região, sem interferência de organizações e governos estrangeiros. “Ele [Mourão] sabe que a Amazônia precisa de uma presença sadia, não é a presença de ONGs, de estrangeiros, precisa de gente que vá lá realizar. Não é verdade que há uma devastação ambiental na Amazônia, mas há problemas ambientais. Os ilícitos que são cometidos acontecem no leste do Pará. A Amazônia é muito diferente do leste do Pará”, disse o general reformado, citado pelo Valor.

Heleno afirmou também que mais de 85% da Floresta Amazônica estão preservados e ridicularizou as críticas europeias ao desmatamento na região: “Tem muito crítico que é crítico de barzinho. O que a gente brinca é que é esquerda escocesa. Atrás de uma garrafa de uísque escocês, o cara resolve todos os problemas do Brasil”.

 

ClimaInfo, 22 de julho de 2020.

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