O The New York Times fala de uma movimentação que pode significar o futuro de muitas companhias petroleiras nas próximas décadas: aos poucos, elas estão diversificando seus negócios e se tornando empresas de energia elétrica. Pelo menos esse é o caminho que vem sendo adotado pelas gigantes europeias do setor, como Shell, BP e Total, que anunciaram projetos recentes para entrar em nichos até então inéditos para elas, como geração eólica e solar, bem como infraestrutura elétrica para abastecimento de automóveis por bateria. Ao mesmo tempo, essas empresas estão se distanciando de alguns empreendimentos fósseis mais recentes, como a perfuração de novos poços de petróleo no Golfo do México e no Mar do Norte – ainda que outros projetos, como a exploração de gás de folhelho em Vaca Muerta, na Argentina, e de gás natural em Moçambique, sigam recebendo seus investimentos.
A queda brutal nos preços internacionais do petróleo no semestre passado também evidenciou a inviabilidade econômica de muitos projetos de energia fóssil que estavam no pipeline de investimentos futuros dessas empresas. Como relatado pela Bloomberg, muitas companhias chegaram à conclusão de que, num futuro cada vez mais próximo, não fará sentido econômico algum seguir vendendo petróleo em um mundo preocupado em enfrentar a crise climática.
Nos últimos nove meses, as maiores empresas petroleiras do mundo eliminaram quase US$ 90 bilhões do valor de seus ativos de petróleo e gás, em decorrência da queda dos preços internacionais desses combustíveis e a expectativa de que a demanda pós-pandêmica dificilmente volte aos níveis anteriores à pandemia nem mesmo no longo prazo. Como apontado pelo The Guardian, essa desvalorização já tinha se iniciado antes do baque causado pela COVID, mas a crise precipitou esse movimento, gerando um choque que prejudicou o setor inteiro.
ClimaInfo, 20 de agosto de 2020.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.
