EUA: a força e as omissões do plano climático de Biden

21 de agosto de 2020

Pela 1ª vez, a crise climática teve destaque especial em uma convenção partidária nos EUA – no caso, a convenção democrata, encerrada ontem. Na 4ª feira, os democratas divulgaram os principais pontos do plano climático de Joe Biden e Kamala Harris, e buscaram contrastá-los com a inação e a negação de Trump.

O programa deu espaço para jovens ativistas como Alexandria Villaseñor, de 15 anos, quem defendeu a vitória de Biden como uma oportunidade para os EUA retomarem a ação climática e avançarem em pontos cruciais para o enfrentamento da crise, como a expansão das fontes renováveis e a aceleração da transição para uma economia de baixo carbono.

O site Politico ressaltou o otimismo que permeou as falas sobre clima no programa democrata e reforçou a importância do voto, uma mensagem central para um partido que perdeu a Casa Branca por alguns poucos milhares de votos.

O programa deu também destaque à justiça climática, um ponto importante no contexto do debate atual sobre racismo estrutural e suas repercussões nas vidas política, social, econômica e cultural dos norte-americanos.

No entanto, o partido foi duramente criticado por ter retirado de sua plataforma eleitoral o fim dos subsídios e isenções fiscais aos combustíveis fósseis. The Hill e Politico repercutiram a fala de John Laesch, membro do comitê responsável pelo texto e autor da proposta, quem contestou sua retirada, segundo ele, sem qualquer aviso prévio.

Em tempo: O plano de Joe Biden para enfrentar a crise climática se parece menos com o Green New Deal defendido pela esquerda dos EUA e mais com um plano de contraposição política e comercial à China. A conclusão é de Ambrose Evans Pritchard em artigo no The Telegraph: “Se Biden vencer em novembro – o que é provável, se não seguro – os EUA se comprometerão com a neutralidade de suas emissões até 2050 e com emissões líquidas zero no setor elétrico até 2035. Eles o farão como uma arma de política comercial e de maneira a prevenir que os EUA percam sua posição no mercado da tecnologia limpa do século XXI”. A China é alvo dessa estratégia por conta de seus investimentos em projetos fósseis ao redor do mundo por meio de sua Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road). Se isso acontecer, países que se aproveitaram da emergência de Trump para negar a crise climática e destruir o meio ambiente – como o Brasil – podem ter uma surpresa desagradável a partir de 20 de janeiro.

 

ClimaInfo, 21 de agosto de 2020.

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