Com John Kerry, EUA voltam à diplomacia climática global

John Kerry

O retorno de John Kerry ao governo norte-americano, agora como enviado especial do presidente-eleito Joe Biden para o clima, é uma sinalização forte sobre os objetivos da política externa dos EUA para as negociações climáticas a partir de 2021, com o país retornando ao Acordo de Paris e correndo para recuperar o tempo e o terreno perdidos nos anos Trump.

Para o New York Times, a escolha de Kerry e a criação de um posto de nível ministerial dedicado à questão climática refletem a “estatura” que o tema deve ter na agenda externa do governo Biden. A resposta de ativistas climáticos foi positiva: para o climatologista Michael Mann, “literalmente, não há um nome mais qualificado” que o de Kerry para essa missão. O Inside Climate News destacou outras impressões positivas do novo enviado climático dos EUA. Já o South China Morning Post especulou que a nomeação de Kerry pode “atenuar” as tensões que marcaram as relações bilaterais entre EUA e China nos últimos anos. Enquanto secretário de Estado no 2º mandato de Barack Obama, Kerry foi instrumental para a parceria política entre Washington e Pequim no processo de negociação do Acordo de Paris em 2015.

A capacidade de Kerry atuar de maneira efetiva nas negociações climáticas dependerá, no entanto, da margem de manobra política que o governo Biden terá no Congresso norte-americano. O Financial Times projetou dificuldades caso os democratas não consigam reverter a maioria republicana no Senado. Se a oposição republicana mantiver o controle da Casa, a reação negativa de alguns parlamentares à nomeação de Kerry como enviado climático já antecipa parte dessas dificuldades, como pontuou o The Independent.

Em tempo: Em uma sinalização para o futuro governo Biden, a montadora General Motors (GM) anunciou sua saída na batalha jurídica que a Casa Branca de Trump vem promovendo contra as restrições impostas pela Califórnia à emissão de poluentes em veículos automotores. Até então, a companhia apoiava a tentativa de Trump em derrubar as novas regras; no entanto, a vitória de Biden inverteu o tabuleiro e forçou a montadora a rever sua posição. Associated Press, Bloomberg e Reuters, entre outros, comentaram a decisão da montadora norte-americana.

 

ClimaInfo, 25 de novembro 2020.

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