Paranoia bolsonarista com a Amazônia joga contra o Brasil

25 de novembro de 2020

Um dos argumentos mais utilizados por Bolsonaro para justificar a abordagem do governo federal para a Amazônia é a defesa dos “interesses nacionais” sobre a vasta e rica região. Para ele vale tudo para reforçar a “autoridade” de seu governo – inclusive passar por cima da Constituição, perseguir a sociedade civil, atacar os Povos Indígenas e enfraquecer os órgãos civis ambientais.

N’O Eco, Cláudio Maretti se debruçou sobre o “Plano Estratégico 2020-2030” em discussão pelo Conselho da Amazônia. O governo ensaia no plano caminhos para limitar consideravelmente a atuação de organizações não-governamentais na região e transferir para os militares a responsabilidade por fiscalizar e combater ilegalidades na floresta. Para Maretti, essa proposta é inconstitucional e desrespeita grosseiramente os direitos de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, sob a égide de uma concepção arcaica e duvidosa do “interesse nacional” brasileiro na Amazônia.

O mesmo ocorre na atuação externa nesse tema. Na Folha, Joel Pinheiro da Fonseca desnuda a “pirraça bolsonariana” com o governo Macron, da França, que se arrasta desde o ano passado por conta da destruição ambiental na Amazônia. A resposta infantilizada do Palácio do Planalto só trouxe mais problemas e enfraqueceu os interesses comerciais do país, especialmente os do agronegócio: “Bolsonaro não está nem aí. O único objetivo é agradar sua base de apoio aqui dentro do Brasil, que inclui interesses econômicos predatórios da grilagem e do garimpo ilegal.”

Como Bela Megale bem colocou n’O Globo, nem mesmo diplomatas brasileiros escondem que o país perdeu relevância política no mundo, perdido em um discurso ideológico que “só reclama e culpa os demais”. Como um deles confidenciou, “se o país continuar nesse ritmo, será só motivo de embaraço e nada mais do que isso”.

Em tempo: A trabalhadora rural e líder comunitária Osvalina Marcelino Alves Pereira tornou-se a 1ª brasileira a receber o prestigiado Prêmio Edelstam por seu trabalho em defesa dos Direitos Humanos e da proteção do meio ambiente na Amazônia. A premiação aconteceu na Suécia e contou com a participação do primeiro-ministro do país, Stefan Löfven, e da Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. “A corajosa atuação da Sra. Osvalinda, denunciando a extração ilegal de madeira na Amazônia apesar das constantes ameaças e defendendo suas convicções em tempos em que se exige justiça, é um exemplo importante da resiliência necessária para proteger e defender o meio ambiente”, afirmou Caroline Edelstam, presidente do júri responsável pela premiação. A RFI dá mais detalhes

 

ClimaInfo, 25 de novembro 2020.

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