Guerra comercial entre China e Austrália atinge em cheio a indústria carvoeira

China Austrália

A escalada das tensões comerciais entre China e Austrália resultou em uma situação curiosa: há meses, mais de US$ 500 milhões em carvão australiano se acumulam em pelo menos 50 navios estacionados na proximidade de portos chineses, a espera de autorização para desembarque. Como a Bloomberg explicou, esse imbróglio é resultado de tensões crescentes entre os dois países, iniciadas em 2018 quando o governo australiano impediu a companhia chinesa Huawei de construir a rede 5G no país. Como retaliação, Pequim ordenou que as centrais elétricas e siderúrgicas chinesas parassem de comprar carvão australiano e que os portos impedissem o descarregamento da mercadoria. O Guardian também abordou a situação.

O governo chinês se justifica dizendo que os carregamentos recentes de carvão da Austrália não cumpriram com requisitos de “segurança e qualidade”.

Além das restrições ao carvão, a China também impôs tarifas sobre a cevada australiana e diminuiu as importações de carne bovina. Para o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, as tensões são resultado de um “erro de interpretação” da China, que teria enxergado a recusa da Austrália à Huawei “através das lentes da competição estratégica com os EUA”, conforme citado pela Reuters. Pelo sim pelo não, quem está pagando o pato é a indústria carvoeira da Austrália: as exportações de carvão para a China, principal mercado consumidor, caíram 47% em outubro passado na comparação com o mesmo mês em 2019 (de 25,69 milhões de toneladas para 13,73 milhões). No ano passado, a Austrália forneceu mais de 40% do consumo chinês de carvão de coque e 57% de carvão térmico.

 

ClimaInfo, 26 de novembro 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)