Mais produção em menos terra: o desafio dos agricultores tropicais sob a crise climática

agricultores tropicais

Um relatório recente do think tank Orbitas analisou os riscos financeiros que agricultores tropicais e empresas agrícolas (incluindo aqueles nas cadeias da soja, carne bovina e óleo de palma) enfrentarão nas próximas décadas caso não adequem suas práticas produtivas à necessidade de se combater a mudança do clima em todo o mundo. O diagnóstico é claro: considerando a demanda crescente por alimentos e a necessidade de redução de emissões de carbono, esses produtores precisarão aprender a trabalhar de maneira mais eficiente, produzindo mais com menos terra.

De acordo com o documento, os riscos financeiros a esses agricultores são tão significativos quanto em setores como energia e transporte. Para que o mundo possa limitar o aquecimento em 1,5°C, conforme definido pelo Acordo de Paris, cerca de 600 milhões de hectares hoje utilizados por atividades agropecuárias precisarão ser restaurados e reflorestados. “Uma resposta à mudança climática que leve o mundo a um cenário perto das emissões líquidas zero exigirá uma transformação profunda na agricultura e na agroindústria”, defendeu Mark Kenber, diretor-gerente da Orbitas, à Reuters. “Este é um ponto cego enorme para os investidores”.

A implementação efetiva de uma estratégia global de descarbonização, sugere o estudo, traria enormes riscos financeiros a empresas cujas atividades dependem da expansão da fronteira agrícola para produzir. Nesse sentido, espera-se que os investidores serão cada vez mais confrontados a considerar esse cenário em suas análises de aplicação, para evitar investir em potenciais “ativos encalhados agrícolas”, sem possibilidade de retorno.

 

ClimaInfo, 10 de dezembro 2020.

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