Há dez anos, moradores da região serrana do Rio de Janeiro viveram horas de terror: fortes chuvas causaram enchentes e deslizamentos de terra, ceifando a vida de 918 pessoas e deixando 30 mil desabrigados em todo o estado. Mesmo depois de tanto tempo, as marcas do maior desastre climático da história do Brasil ainda são perceptíveis, especialmente por causa da lentidão no processo de reconstrução das áreas afetadas. Segundo o G1, o governo do estado do RJ estima que serão necessários cerca de meio bilhão de reais para completar obras de habitação e contenção de encostas e drenagens na região – isso depois de gastar mais de R$ 1 bilhão ao longo da última década. Para piorar, a corrupção endêmica no poder público estadual nesse período – evidenciada por escândalos recentes que colocaram praticamente todos os ex-governadores do RJ dos últimos 10 anos na cadeia – dificultou os trabalhos de reconstrução. De acordo com O Globo, o Ministério Público Federal (MPF) busca o ressarcimento de pouco mais de R$ 23 milhões em valores de 2011 (R$ 50 milhões atualizados) que foram desviados por agentes públicos e políticos.
“A maior tragédia climática já registrada no país deveria ter nos ensinado alguma coisa. Mas, pelo visto, se aprendeu pouco”, escreveu O Globo em editorial. “O cenário em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, cidades mais atingidas, ainda é de medo e apreensão. Pelo menos 86 mil pessoas vivem em áreas suscetíveis a deslizamentos e alagamentos nos três municípios”.
Para os sobreviventes, a memória dos deslizamentos de janeiro de 2011 ainda é dolorosa. O Fantástico (TV Globo) contou a história de alguns deles, que passaram horas em meio à lama e às pedras até serem resgatados.
ClimaInfo, 13 de janeiro de 2021.
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