Bolsonaro ensaia recuo em retórica diplomática com EUA de Biden

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Para quem falava em pólvora substituindo a saliva, a carta que Bolsonaro mandou para Biden mostra que, no final das contas, a saliva é o que resta para o Brasil. Distante do tom “trumpista” de declarações recentes, o texto relativizou as tensões entre o governo brasileiro e o novo presidente dos EUA, especialmente no que diz respeito à defesa do meio ambiente e à proteção da Amazônia. Fabio Murakawa ressaltou esse tom no Valor, destacando em particular as observações diplomáticas feitas pelo presidente sobre esses tópicos, com foco na cooperação bilateral.

Um dos principais alvos da pressão internacional sobre o Brasil nos últimos anos, Ricardo Salles também optou pela acomodação na hora de falar sobre o novo governo norte-americano. Em entrevista à Folha, o ministro afirmou ter “boas expectativas” por conta do retorno dos EUA ao Acordo de Paris. “Estamos contando com o pragmatismo dos EUA para colocar em prática essa agenda”, disse. Fora isso, ele insistiu no blá-blá-blá de sempre: cobrou mais dinheiro de governos estrangeiros para proteção da Amazônia, minimizou críticas de investidores e empresários ao crescimento do desmatamento no país e colocou na conta dos países europeus a culpa pela falta de entendimentos sobre o uso de mecanismos de mercado sob o Acordo de Paris. Neste último ponto, vale uma observação: Salles sabe muito bem que as posições brasileiras nessa discussão prejudicam a luta climática e a integridade ambiental de tais mecanismos. Essas lágrimas de crocodilo não convencem ninguém.

 

ClimaInfo, 22 de janeiro de 2021.

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