Ocupado por militares, Ibama troca multas por compensação financeira à PM de São Paulo

militares Ibama

O termo “conflito de interesses” parece não existir no ministério do meio ambiente. Mesmo com o sucateamento da infraestrutura de monitoramento e combate ao desmatamento, pressionado pela falta de verbas, o Ibama firmou acordo com uma empresa para trocar o pagamento de multas por crimes ambientais pela destinação de quase R$ 20 milhões para o comando do policiamento ambiental da Polícia Militar de São Paulo. Detalhe: sob a gestão Salles, órgãos ambientais como Ibama e ICMBio foram praticamente ocupados por oficiais da PM paulista e de outras corporações militares.

Segundo a Folha, o acordo prevê a redução por mais da metade do valor total a ser quitado pela empresa Log-In, que somava quase R$ 50 milhões em multas aplicadas durante uma autuação em 2017. A maior parte do montante a ser pago pela empresa, cerca de R$ 17 milhões, deve ser depositado diretamente na conta do Fundo de Incentivo à Segurança Pública da PM paulista, que depois se responsabilizará pela prestação de contas. Em tese, estes recursos deverão ser utilizados para a compra de equipamentos para policiamento ambiental. A legalidade desse acordo é questionável, já que os valores decorrentes do pagamento de multas ambientais devem ser destinados ao Fundo Nacional do Meio Ambiente e ao Tesouro Nacional.

Em tempo: O Ministério Público de SP está investigando a ação ilegal de madeireiras na região de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Segundo o G1, o grupo seria responsável pela retirada irregular de madeira em áreas de proteção ambiental e Terras Indígenas.

 

ClimaInfo, 4 de fevereiro de 2021.

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