Elefante branco sujo – incinerador de lixo não é fonte limpa de energia

elefante branco sujo

Há uma campanha em andamento afirmando que incinerar resíduos urbanos para gerar energia deveria ser enquadrado como fonte limpa. Nada menos verdadeiro. A conta, marota, compara a queima do lixo com a emissão de metano e CO2 de aterros sanitários, omitindo que aterros modernos queimam esse metano e que a tendência mundial é a de muita reciclagem e reaproveitamento para se reduzir enormemente a matéria orgânica nos resíduos. O lobby do lixo vem pressionando, com sucesso, o governo a liberar a adoção de incineradores nas cidades brasileiras.

A realidade é bem diferente. A Source Material acaba de soltar um relatório, “Elefantes brancos sujos”, sobre as milhões de libras de dinheiro público que o governo de Sua Majestade britânica gastou em “uma indústria cheia de conflitos de interesse e muito menos verde ou custo-efetiva do que” o marketing afirma. Na mesma linha, o Político soltou um artigo sobre os incineradores no estado de New Jersey, extremamente dependentes de subsídios governamentais.

Fora os impactos ambientais e os riscos de cancerígenos, um contrato entre uma cidade e um incinerador obriga a cidade a entregar muito lixo durante muito tempo – pagando o custo alto de uma planta destas. A cidade perde a possibilidade de reduzir, reciclar e reaproveitar o que hoje é descartado.

Na Europa, as campanhas contra a incineração estão surtindo efeito. Nesta semana, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução sobre a Nova Economia Circular, recomendando que a questão do resíduo urbano passe a ser tratado pelo bloco como um todo, com o objetivo de se reduzir a quantidade de resíduos enviados para incineração e para aterros.

Em tempo: Em Brasília, dois deputados distritais propuseram uma lei proibindo a incineração no Distrito Federal que foi aprovada em 1a votação. Ela precisa passar por outra votação para, então, ser enviada para sanção do governador Ibaneis Rocha.

 

ClimaInfo, 12 de fevereiro de 2021.

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