Países europeus fizeram investimentos milionários em projetos de gasodutos fracassados

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Dinheiro jogado fora na Europa: segundo um estudo da ONG Global Witness, desde 2013 a União Europeia gastou € 440 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões) em projetos de gasodutos que nunca foram concluídos ou que estão sujeitos a avarias. A maior parte do valor desperdiçado está associada ao gasoduto BRUA, que pretende conectar Bulgária, Romênia, Hungria e Áustria às reservas de gás do Mar Negro. Projetado para diminuir a dependência da Europa do gás da Rússia, o gasoduto está com obras paralisadas e o futuro do empreendimento é incerto, já que a ExxonMobil, que liderava o projeto, anunciou que pretende se desfazer desses ativos. No total, quase € 5 bilhões de euros (R$ 33,1 bi) em dinheiro público foram investidos em projetos de gás, como gasodutos ou terminais de importação.

A análise levanta uma preocupação importante sobre a governança dos investimentos europeus na infraestrutura para gás natural nos próximos anos. Isso porque as regras definidas pela UE deram autonomia às próprias empresas de gás para a escolha dos projetos a serem financiados com dinheiro público. Esse conflito de interesses pode causar novos problemas no futuro: mesmo com a exclusão de oleodutos e gasodutos de financiamento no novo plano de recuperação verde da UE, foi mantida a porta aberta para investimentos em redes de hidrogênio, que eventualmente podem ser construídas por meio da adaptação da infraestrutura de gás existente. Euractiv e Climate Home destacaram o estudo.

Em tempo: Um grupo de acionistas ativistas do clima está pressionando a ExxonMobil a se comprometer com a neutralidade de suas emissões de carbono até 2050, em linha com o que outras empresas do setor estão anunciando. Segundo a Bloomberg, a acionista Engine Nº 1 reforçou a demanda em carta ao conselho de administração da petroleira norte-americana, citando metas similares anunciadas por empresas como BP, Shell e Total. O pedido também foi subscrito pelos representantes do fundo de pensão dos professores do estado da Califórnia, o 2º maior dos EUA e proprietário de mais de US$ 400 milhões em ações da Exxon.

 

ClimaInfo, 23 de fevereiro de 2021.

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