Depois de quatro anos desperdiçados, ativistas climáticos e ambientalistas norte-americanos estão ansiosos pela definição da nova estratégia dos EUA para enfrentar a crise climática. O governo Biden mantém um discurso firme no que diz respeito à necessidade de ações mais contundentes e ambiciosas, mas ainda está bastante cauteloso na definição desses esforços. Parte dessa cautela está na própria capacidade de ação climática doméstica da Casa Branca, limitada parcialmente pela maioria democrata estreita no Congresso dos EUA.
De acordo com o Wall Street Journal, o governo norte-americano deve apresentar essa estratégia no próximo mês, mas ainda está debruçado sobre o formato final que ela tomará – ou seja, quais ações serão tomadas via decreto presidencial e quais serão validadas com o Congresso. Como a margem de manobra no Legislativo é estreita, persiste uma incerteza sobre quais medidas poderão ser votadas pelos parlamentares, em especial no que diz respeito a um mecanismo para precificação do carbono (via mercado de licenças de emissão ou taxação de emissões). Mesmo com a principal entidade de lobby fóssil dos EUA ensaiando um apoio à precificação de carbono, a Casa Branca ainda não definiu se esse tópico estará entre as medidas a serem propostas: como informou o Inside Climate News, a ordem de Biden é pautar ações viáveis e o mais consensuais possíveis, pelo menos em um primeiro momento.
Outro ponto de incerteza foi destacado pelo Washington Post: por ora, ambientalistas e sindicatos estão do mesmo lado na discussão climática com Biden. No entanto, essa situação é circunstancial e, possivelmente, pode forçar a Casa Branca a ter que escolher um dos lados no debate sobre transição energética. A questão migratória, um dos tópicos mais polêmicos da política dos EUA sob Trump, também pode causar tensões dentro da coalizão política que elegeu Biden: na semana passada, o governo anunciou que definirá um plano específico para lidar com refugiados climáticos domésticos e externos.
ClimaInfo, 8 de março de 2021.
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