Poucos setores ganharam tanto espaço no noticiário financeiro e na cabeça de investidores no último ano como o de veículos elétricos. O interesse massivo e repentino nesse mercado responde a dois movimentos: primeiro, a retomada dos compromissos climáticos por parte dos governos após a pandemia, com foco em pacotes de recuperação econômica verde que priorizam a eletrificação da frota automotiva no médio prazo; e, segundo, a explosão de novas empresas e de novos investimentos de gigantes do setor no desenvolvimento de modelos elétricos. O Wall Street Journal abordou como isso tem se refletido no mercado financeiro, especialmente nos EUA. Diversas startups recorreram à abertura de empresas de aquisição de propósito específico (SPAC) para permitir acesso à Bolsa de Valores com a promessa de oferecer resultados econômicos expressivos nos próximos anos em troca de injeção de capital para financiar suas operações. Um exemplo é o da fabricante de veículos elétricos de luxo Faraday Future, sediada no Reino Unido, que, mesmo sem vender sequer uma unidade de seu produto, promete ultrapassar a marca de US$ 10 bilhões de receita dentro de três anos a partir de sua primeira produção. Para efeito de comparação, a gigante Google levou oito anos para atingir esse patamar.
Para investidores mais céticos, o mercado de carros elétricos está atravessando uma fase de expansão excessiva que pode resultar em uma “bolha”, com potencial de quebradeira. Já os mais animados entendem que os incentivos e o interesse crescente de governos, empresas e consumidores nesse tipo de produto pode compensar o risco de se investir em um negócio que ainda não gerou resultados concretos.
Em tempo: Enquanto isso, na dianteira do mercado de carros elétricos, Tesla e Volkswagen se movimentam pela liderança do setor nos próximos anos. Num primeiro momento, a montadora de Elon Musk se beneficiou com a atenção limitada de gigantes do setor, o que garantiu uma posição privilegiada depois que os negócios se aqueceram. No entanto, como a Deutsche Welle assinalou, os investimentos massivos da VW podem fazer a diferença e garantir a liderança do mercado para a montadora alemã. Nesse sentido, destacou a Bloomberg, um dos exemplos desse esforço é o investimento de US$ 30 bilhões da VW no desenvolvimento de sistemas operacionais para modelos elétricos e autônomos, vistos como a nova fronteira da corrida tecnológica no setor.
ClimaInfo, 16 de março de 2021.
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