A resiliência dos mercados de carbono durante a pandemia

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Três dos grandes mercados de carbono viram subir o preço da permissão de emissão apesar do impacto da pandemia nas economias. No mercado europeu (ETS), no da Nova Zelândia e no dos estados no nordeste dos EUA (RGGI), os preços subiram 40% ao longo de 2020. No mercado conjunto de Califórnia e Quebec, o preço se manteve estável e, só no da Coreia do Sul, houve uma queda expressiva no primeiro semestre, com uma ligeira recuperação até o final do ano. Os dados e sua análise, tanto global, como para os principais países, e um conjunto de infográficos interessantes fazem parte do relatório da ICAP sobre como os mercados de carbono navegaram nas águas pandêmicas do ano passado.

O fato dos preços subirem, indica que os mercados aprenderam a lição de 2008-09 quando a recessão na Europa, aliada a outros fatores, reduziu a atividade industrial, gerando um excedente de permissões no ETS que fez o preço cair a quase zero. Houve um efeito dominó, posto que muitas dessas permissões eram fungíveis, contaminando os demais mercados. O ETS demorou mais de 5 anos para se recompor e adotou sistemas de proteção contra variações significativas nos preços e nos volumes transacionados. Isso deu mais confiança a investidores e demais atores do mercado europeu e os preços aumentaram apesar da recessão. Vale ver o relatório e o comentário na Climate Change News.

Por falar em mercados, os europeus estão acenando com a criação de uma tarifa de importação em função da pegada de carbono dos produtos. A produção de uma siderúrgica europeia é menos competitiva do que o aço de uma chinesa ou a de uma brasileira, dentre outras, porque paga pelas permissões de emissão. Segundo a Bloomberg, a União Europeia está conclamando seus países parceiros a criarem seus próprios mercados de carbono o que evitaria a aplicação da tarifa de importação ou, ao menos, mitigaria o tamanho da conta. O recado foi dirigido, principalmente, aos EUA, China, Japão e Coreia.

 

ClimaInfo, 25 de março de 2021.

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