Crise climática: velocidade de degelo das geleiras dobrou em 20 anos, dizem cientistas

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O derretimento das geleiras do mundo quase dobrou de velocidade nos últimos 20 anos, contribuindo mais para o aumento do nível do mar do que o degelo dos mantos de gelo da Groenlândia ou da Antártica. A conclusão é de um estudo publicado nesta semana na revista Nature, que calculou a perda de volume das geleiras entre 2000 e 2019. De acordo com a análise, as geleiras perderam 267 bilhões de toneladas de gelo por ano, o equivalente a mais de 1/5 da elevação do nível do mar registrada nesse período. Esse volume foi 47% superior à contribuição do degelo da Groenlândia no mesmo período, e mais do que o dobro do derretimento na Antártica. Como causa do aumento do nível do mar, a perda das geleiras ficou atrás apenas da expansão térmica, que é provocada pelo aumento da temperatura do oceano.

O estudo utilizou dados históricos de satélite da NASA e aplicou métodos estatísticos inéditos para construir topografias tridimensionais, o que permitiu uma análise precisa e abrangente das mais de 217,1 mil geleiras do mundo. Em média, os autores concluíram que as geleiras perderam 4% de seu volume nas últimas duas décadas, mas isso varia de acordo com o tempo e com a região. O Alasca, por exemplo, foi responsável por 25% da perda de gelo global, seguido pela costa da Groenlândia (12%) e o norte e o sul do Canadá (10% cada).

Associated Press, BBC, Guardian e Reuters repercutiram o estudo.

Em tempo: No Guardian, Gaia Vince descreveu o que podemos chamar de crepúsculo do gelo na Terra. “Hoje, ao entrarmos no Antropoceno, estamos nos últimos dias de uma era do gelo que durou 3 milhões de anos, enquanto fazemos a transição para uma era do fogo, um Piroceno que pode persistir por dezenas de milhares de anos. Existem poucos lugares em nosso planeta onde o gelo ainda reina, e visitá-los é entrar em outro mundo”. Um texto belo e triste.

 

ClimaInfo, 29 de abril de 2021.

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