A mais nova encrenca na ficha corrida de Salles reacendeu as especulações políticas em torno do futuro do atual ministro do meio ambiente. Segundo Gerson Camarotti na Globonews, integrantes do governo entendem que a situação de Salles ficou “insustentável” no Planalto e que a permanência dele criaria um desgaste desnecessário em um momento delicado para o governo – com popularidade em baixa e alvo da CPI da Pandemia no Senado.
Por outro lado, se depender do próprio Bolsonaro, Salles (ainda) não será deixado para trás. Fontes no Planalto reforçaram a Carla Araújo no UOL que o presidente não vê, ao menos por ora, razões para afastar seu fiel escudeiro no desmonte da política ambiental brasileira. Segundo eles, há inclusive uma “enorme possibilidade” de Bolsonaro expressar algum tipo de apoio público a Salles.
Em meio a esse vai-e-vem, o Valor informou que membros do governo teriam voltado a sondar o advogado Antônio Claret Jr. para ocupar o lugar de Salles no governo. Claret é filiado ao Partido NOVO e é próximo do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, aliado político de Bolsonaro.
De acordo com O Globo, Bolsonaro e Salles se encontraram na manhã de ontem (19/5) no Palácio do Planalto, depois da ação da PF. O ministro da justiça, Anderson Torres, também participou do encontro. Antes dessa conversa, Salles foi até a sede da PF em Brasília, com segurança armado a tiracolo, para pedir acesso aos documentos das investigações. Lá, ele teria sido informado que o caso está sob sigilo e que apenas o ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, poderia conceder acesso à documentação para a defesa. Folha e O Globo deram mais detalhes.
Outro que foi pego de surpresa pela ação da PF contra Salles foi o procurador-geral da República, Augusto Aras. O chefe do Ministério Público Federal afirmou que não foi consultado sobre a Operação Akuanduba. Em tese, quando uma autoridade é alvo de investigação, a PGR é instada a se manifestar antes do STF tomar uma decisão, o que não aconteceu neste caso. Ele foi comunicado apenas após a realização da operação, seguindo determinação do ministro Moraes. Segundo Aras, esse procedimento pode ter causado uma violação ao “sistema constitucional acusatório”. O Globo, UOL e Valor destacaram a reclamação de Aras.
Por seu lado, Salles tentou minimizar a nova crise. Ele refutou as acusações feitas pela PF e disse que o ministro Moraes teria sido “induzido” pelos investigadores para enxergar uma “ação concatenada de agentes do IBAMA e do MMA para favorecer ou para fazer o destravamento indevido do que quer que seja”. Salles também disse que a ação da PF teria sido “exagerada” e “desnecessária”.
De todo modo, a vida dele deve ficar mais difícil no âmbito judicial: a Folha informou que o deputado Marcelo Freixo (RJ), líder da minoria na Câmara, ingressará com um pedido na Justiça Federal para afastar Salles do ministério do meio ambiente, ao menos enquanto as investigações estiverem acontecendo.
ClimaInfo, 20 de maio de 2021.
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