Governo reajusta tarifas eletricidade e estuda novas medidas para conter consumo de energia

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Com o Brasil sob o risco de um novo racionamento de eletricidade, o governo federal decidiu reajustar os valores das bandeiras tarifárias em um esforço para conter o consumo. Os valores ainda não foram definidos, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estima que a tarifa na bandeira vermelha, a mais cara, deverá subir mais de 20%. Em junho, o sistema nacional elétrico já está operando no patamar mais alto, a bandeira vermelha nível 2. O aumento da tarifa também deverá refletir o acionamento das usinas termelétricas, com energia mais cara, para complementar a geração reduzida das hidrelétricas. Segundo o Valor, o uso das termelétricas deverá resultar em um custo adicional de R$ 9 bilhões aos consumidores. Folha e O Globo deram mais detalhes.

Outra medida que está sendo analisada pelo governo é o deslocamento do consumo de energia nos horários de pico. De acordo com a Folha, a ideia é oferecer algum incentivo na conta de luz, como descontos ou créditos tarifários para reduzir o consumo nos horários em que o sistema elétrico é mais demandado. A priori, esse programa entraria em vigor já para o mês de julho. Já o Valor mostrou a proposta de representantes da indústria eletrointensiva para ajudar o governo no esforço para reduzir o consumo elétrico. As empresas propuseram um mecanismo voluntário, no âmbito da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), para incentivar os grandes consumidores a reorganizar suas operações diárias para aliviar a demanda elétrica sempre que o Operador Nacional do Sistema (ONS) avaliar necessário.

Na CBN, Míriam Leitão observou que, mais uma vez, os consumidores brasileiros serão obrigados a arcar com o custo da falta de planejamento do governo federal para melhorar a resiliência do sistema elétrico nacional. “O governo precisa encontrar uma forma mais racional para não ser surpreendido todo o dia. Com a mudança climática, este estresse hídrico é mais frequente e o Brasil precisa se preparar, porque sua matriz energética é principalmente hidrelétrica”.

Em tempo: Além da crise elétrica, a estiagem prolongada no Brasil também pode paralisar a hidrovia Tietê-Paraná a partir de julho. Segundo o Estadão, o ONS entende que a medida será necessária para priorizar o uso da água na bacia do rio Paraná para a geração de energia, pois estima um ganho de 1,6% em capacidade de geração armazenada com a paralisação. Uma alternativa ao fechamento total seria a redução do calado dos navios que circulam na hidrovia, o que poderia gerar um ganho de 0,5%. A hidrovia é um dos principais corredores fluviais do Brasil, usada para o escoamento da produção de grãos, madeira, arena e cana.

 

ClimaInfo, 16 de junho de 2021.

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