Países ricos distantes de meta bilionária para financiamento climático

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No ritmo atual e considerando as promessas recentes, o fluxo de financiamento anual de países ricos para projetos de mitigação e adaptação em nações pobres dificilmente atingirá a meta prometida de US$ 100 bilhões/ano. O alerta é da Oxfam Internacional, que apresentou estimativas atualizadas sobre o financiamento climático mostrando que o volume de recursos entre 2020 e 2025 deverá ficar entre US$ 93-95 milhões anuais, abaixo da cifra proposta pelos governos ricos na Conferência de Copenhague (COP15), em 2009. Essa perda de US$ 68-75 bilhões de financiamento climático para os países pobres nos seis primeiros anos desta década pode inviabilizar o cumprimento dos objetivos climáticos dessas nações sob o Acordo de Paris.

O relatório destacou a diferença brutal entre os pacotes trilionários de recuperação econômica pós-pandemia nos países ricos e o volume de recursos destinados para financiamento climático para nações pobres. “Em 2020, União Europeia, Reino Unido, EUA, Canadá, Austrália e Japão gastaram mais de US$ 15 trilhões em pacotes de recuperação pós-COVID – valor que cumpriria a meta global de financiamento climático 151 vezes”, disse o documento.

A Oxfam também assinalou problemas na alocação dos recursos financeiros, que ainda priorizam mitigação e deixam de lado adaptação aos efeitos da mudança do clima. Pelos cálculos, apenas 1/4 dos recursos a serem despendidos até 2025 (entre 26-27 bilhões de dólares) serão gastos na construção de resiliência e capacidade de adaptação nos países pobres. A maior parte do financiamento climático público deve seguir acontecendo por meio de empréstimos, e não de doações, o que pode tornar as nações em desenvolvimento ainda mais endividadas.

Bloomberg e TIME repercutiram os dados da Oxfam.

Em tempo: N’O Globo, Ana Rosa Alves também destacou a insuficiência dos fluxos de financiamento climático dos países ricos para os pobres. A reportagem lembra dados lançados pela OCDE na semana passada que mostraram um aumento tímido no financiamento em 2019, de apenas 2%, totalizando US$ 79,6 bilhões, mais de 20 bilhões de dólares distante da meta de US$ 100 bi anuais.

 

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ClimaInfo, 21 de setembro de 2021.

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