O avanço do desmatamento na Amazônia e em outros biomas brasileiros pode ser decisivo para que o Brasil fique condenado a experimentar crises hídricas sucessivas, a despeito de ser o país com o 2º maior patrimônio hídrico potável do planeta.
“A gente sempre culpa o clima porque está chovendo menos, mas a responsabilidade é nossa, das políticas ambientais”, explicou Paulo Artaxo (USP) para O Globo. Ele destacou evidências científicas recentes de que a derrubada da floresta amazônica reduz a evapotranspiração (evaporação da água do solo, junto com a transpiração das plantas), o que resulta em incidência menor de chuvas na região central do país. “Não adianta olhar pra cima e ver se chove menos ou mais. É preciso trabalhar para a preservação dos mananciais e tratar de reduzir drasticamente o desmatamento da Amazônia”.
O resultado da devastação florestal e consequente falta de chuvas pode ser visto no outrora imponente Araguaia. O Metrópoles mostrou o sofrimento de pescadores e ribeirinhos com o rio seco. “Eu penso nos meus netos, que não vão ver o que eu já vi”, lamentou o pescador aposentado Vanderlino Caetani Lopes. “Você vinha e tinha peixe grande que não existia linha que aguentava pegar ele. Hoje você tem linha e não tem o peixe. A degradação é uma loucura”.
Em tempo: O governo do Pará refutou a proposta da Norte Energia para transformar mais de 3,5 mil metros cúbicos de madeira nobre amazônica, derrubada durante a construção da usina de Belo Monte, em carvão. De acordo com o Estadão, as autoridades paraenses querem que essa madeira, estocada desde 2015, tenha destinação social para construção de moradias, pontes e espaços públicos no Estado. O IBAMA ainda não deu resposta ao pedido da concessionária.
ClimaInfo, 28 de setembro de 2021.
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