Promessas descumpridas devem esquentar debate sobre financiamento climático na COP26

pré-cop26

A pré-COP26, realizada na semana passada em Milão, terminou com mais um pedido de aumento da ambição dos países contra a crise climática, mas sem um encaminhamento para se viabilizar esse objetivo nas conversas de novembro em Glasgow. Um dos principais pontos da agenda de negociação (e um dos obstáculos mais significativos para o sucesso da COP26) ainda é o financiamento climático – ou melhor, a falta dele. BBC, Folha e Reuters fizeram um balanço do encontro.

Os países em desenvolvimento continuam frustrados pelo descumprimento da promessa feita por seus contrapartes desenvolvidos de destinar US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para mitigação e adaptação nos países pobres. Representantes das nações pobres reforçaram que qualquer avanço nas negociações na COP26 depende dessa meta financeira ser atingida no curto prazo para ajudar na implementação dos planos nacionais de mitigação e adaptação sob o Acordo de Paris.

“Esses US$ 100 bilhões de que as economias avançadas estão falando, na verdade, são uma gota no oceano”, criticou KV Subramanian, assessor econômico do governo da Índia, à Reuters. “Acho que esse compromisso precisa ser muito maior”.

“O que é pior, muito dinheiro vem na forma de empréstimos, e não de doações”, observou um negociador anônimo no Guardian. “Isso está criando uma armadilha para a dívida climática. Como você espera que tomemos mais empréstimos, nos endividemos ainda mais, por algo que, em primeiro lugar, não causamos?”

Enquanto isso, os principais negociadores seguem com a ciranda diplomática pré-COP. John Kerry, enviado especial dos EUA para o clima, defendeu em Milão que a COP26 faça um “progresso enorme” nos esforços internacionais contra a crise climática, de maneira a reduzir as emissões de carbono em 45% até 2030. A Associated Press repercutiu a fala de Kerry.

Já o comissário europeu para o clima, Frans Timmermans, confirmou que visitará a Rússia nas próximas semanas para discutir as negociações climáticas e o entrevero energético europeu com o presidente Vladimir Putin. A Reuters deu mais informações.

Os anfitriões britânicos, de acordo com Chloé Farand no Climate Home, querem aproveitar a COP para lançar uma coalizão de países e instituições financeiras comprometidos com o fim do financiamento para combustíveis fósseis no exterior. A ideia de Londres é ampliar o escopo de anúncios recentes de desinvestimento em carvão para outros combustíveis sujos, como petróleo e gás, e redirecionar esses recursos para fontes energéticas limpas.

 

ClimaInfo, 4 de outubro de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo