Vivemos um aquecimento global não visto há 5 milhões de anos

26 de outubro de 2021

Ontem, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) soltou seu boletim com os dados de 2020. Apesar das emissões globais terem caído um pouco por conta da pandemia, o balanço de emissões e remoções continuou subindo. A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera no ano passado passou de 413 ppm (partes por milhão), uma vez e meia a do início da Revolução Industrial. A concentração de metano já é mais de duas vezes e meia maior do que a medida antes da Revolução Francesa. A última vez em que havia tanto CO2 na atmosfera foi entre 3 e 5 milhões de anos atrás, quando a temperatura média era de 2 a 3°C mais alta e o nível do mar pelo menos 10 metros mais alto, com a ressalva de que não havia quase 8 bilhões de seres humanos no planeta.

Petteri Taalas, secretário geral da OMM, avisou que “a concentração de CO2 na atmosfera ultrapassou o marco de 400 ppm em 2015. Em apenas cinco anos, ultrapassou 413 ppm. Isto é muito mais do que só uma fórmula química e números em um gráfico. Tem grandes e negativas repercussões em nossas vidas e nosso bem-estar, no estado do nosso planeta e no futuro de nossos filhos e netos” – lembrando que o CO2aquecimento global permanece séculos na atmosfera e ainda mais tempo nos oceanos.

A queima de combustíveis fósseis deu uma pequena desacelerada no ano passado, mas por conta do desmatamento, as remoções diminuíram e o balanço aumentou. O Boletim fala especificamente da Amazônia. Enquanto no oeste do bioma, a floresta se mantém relativamente neutra – ou seja, as emissões e remoções se equivalem – no leste, já é uma fonte emissora. Menos floresta significa menos umidade e menos chuva, o que contribui para haver menos floresta. Acelere esse processo um pouco e teremos ultrapassado o tipping point da floresta.

Por aqui, saíram notícias na Folha, Estadão, Valor, UOL e na CNN. Lá fora, no Guardian, Independent, Bloomberg, Financial Times, Reuters, BBC e na Euronews.

A Reuters repercutiu os comentários de Patrícia Espinosa, secretária executiva da Convenção do Clima, sobre os esforços e compromissos pífios apresentados pelos países até agora: “Ultrapassar as metas de temperatura levará a um mundo desestabilizado e a um sofrimento sem fim, especialmente entre aqueles que menos contribuíram para as emissões. Não estamos nem perto de onde a ciência diz que deveríamos estar”. Se todos os países cumprirem o que prometeram até agora, em 2030 a humanidade emitirá 16% mais gases de efeito estufa do que foi emitido em 2010, muito longe da redução de 45% preconizada pela ciência para limitar o aquecimento em 1,5°C.

 

ClimaInfo, 26 de outubro de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar