Negociadores de quase 200 países retornam à mesa da COP26 hoje (8/11) com apenas cinco dias para fechar os acordos necessários para limitar o aquecimento global em 1,5oC – meta do Acordo de Paris. Isso significa estabelecer regras confiáveis para os mercados de carbono, avaliar como os países industrializados devem pagar pelas perdas relacionadas ao clima incorridas pelo resto do mundo e obter financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem, entre outros temas.
No Valor, Daniela Chiaretti mostra como a questão do financiamento climático é o ponto que pode travar o acordo sobre o mercado de carbono. Na Folha, o economista Leonardo Stancey explica como essa questão vai além da promessa de US$ 100 bilhões por ano feita em 2009, detalhando as consequências do uso de uma arquitetura financeira que trata o problema climático como uma oportunidade de negócios.
No Estadão, Emílio Sant’Anna aborda outro obstáculo: a disputa entre EUA e China. Para piorar, a maior parte dos textos ainda permanece cheia de colchetes – ou seja, pontos que ainda precisam ser acertados – segundo O Globo. Como lembrou a CNN Brasil, esses pontos precisam ser equacionados até a próxima 6a feira (12/11) – ou até domingo (14), se as negociações atrasarem. Caso contrário, estas decisões ficarão para a COP27, que será realizada no próximo ano, no Egito.
Diante de tantos riscos de fracasso, começa a ganhar força a ideia de fazer os países revisarem e, se necessário, atualizarem suas promessas de redução de emissões a cada ano, em vez do atual cronograma escolhido por cada parte. Os defensores da tese argumentam que é preciso apertar o cronograma porque revisões apenas a cada cinco ou dez anos inviabilizariam a redução de 45% das emissões em 10 anos, como preconiza a ciência. António Guterres, secretário geral da ONU, John Kerry, enviado climático dos Estados Unidos, e o Fórum de Vulnerabilidade Climática já se manifestaram favoravelmente à tese, informa a Reuters, ressaltando que países mais pobres temem não conseguir cumprir um cronograma tão restrito. Segundo o Valor, esse deverá ser um dos principais temas da segunda semana de negociações.
Em tempo: O governo brasileiro, com apoio do Uruguai e Argentina, pleiteia que o valor de US$ 100 bilhões dos países ricos para os países pobres seja revisado para cima: “trilhões – não bilhões – são necessários para lidar com a atual lacuna financeira”, diz o documento ao qual Jamil Chade, do UOL, teve acesso.
ClimaInfo, 8 de novembro de 2021.
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