A Conferência do Clima de Glasgow (COP26) entrou na 2ª semana com o desafio de dar substância aos anúncios e promessas de descarbonização feitos pelos chefes de governo nos primeiros dias do encontro. A equação política é complexa e a incerteza quanto aos resultados finais ainda é considerável.
“É algo incomum que uma reunião de cúpula do clima registre tantos anúncios em sua primeira semana, mas estes podem ficar apenas no papel, caso não sejam seguidos por ações concretas”, escreveu Ana Carolina Amaral na Folha. Esse foi o mesmo tom usado pelo presidente da COP26, Alok Sharma, quem celebrou os novos compromissos climáticos, mas cobrou dos países planos para sua viabilização. O Valor repercutiu a fala de Sharma.
“As negociações reais aqui correm o risco de ser abafadas por uma série de comunicados à imprensa que ganham grandes manchetes, mas muitas vezes são menos do que aparentam”, comentou Mohamed Adow, diretor do Power Shift Africa, ao NY Times. “Há muita conversa boa e menos ação real”.
Para facilitar as conversas, o comando da COP designou um grupo de ministros para destravar os principais obstáculos políticos em Glasgow, dois para cada tópico – financiamento, Artigo 6 (o que inclui mercado de carbono), prazos comuns para atualização e submissão de NDCs, novas metas nacionais de mitigação para viabilizar o limite de 1,5°C, transparência, adaptação, e perdas e danos. Os trabalhos serão coordenados pela Presidência da COP, junto com a ministra da Costa Rica, Andrea Mesa Murillo. O Climate Home deu mais detalhes.
Na paralela, Fiona Harvey abordou no Guardian o esforço do governo britânico em “empacotar” a COP como um sucesso diplomático, a despeito dos resultados pouco conclusivos até agora. Os anúncios da 1ª semana de COP foram uma mão na roda para os anfitriões – resta saber se o discurso otimista resiste à segunda semana de negociação em Glasgow.
Em tempo: A Folha noticiou o aumento do número de casos de COVID-19 em Glasgow nos últimos dias, que coincidiram com a primeira semana da COP na cidade. De acordo com o governo britânico, o total de novos casos registrados na última semana chegou a quase 2 mil, um aumento de 110% na comparação com a semana anterior. A Presidência da COP afirmou desconhecer qualquer dado oficial sobre os casos diretamente associados à Conferência, mesmo com a testagem diária de dezenas de milhares de pessoas que circulam diariamente no espaço oficial de negociação.
ClimaInfo, 9 de novembro de 2021.
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