O tamanho do prejuízo da escassez de chuvas no PIB brasileiro

17 de novembro de 2021

Uma análise do IBRE/FGV estimou o impacto da sequência de temporadas chuvosas abaixo da média histórica na última década sobre o PIB do Brasil. De acordo com as projeções, se o país tivesse experimentado entre 2012 e 2021 chuvas dentro da média histórica dos últimos 40 anos, a economia poderia ter tido um desempenho significativamente melhor, com o PIB médio anual na casa dos 2%, percentual cinco vezes maior do que o 0,4% efetivamente registrado no período.

“O Brasil depende muito da água como insumo produtivo, muito mais do que outras economias”, explicou Bráulio Borges, responsável pelo estudo, à CNN Brasil. “Nos últimos dez anos, 70% da energia fornecida veio das hidrelétricas. O setor agropecuário também tem impacto muito grande na economia brasileira. E ambos dependem de recurso hídrico”.

Enquanto isso, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, suspirou com alívio ao comentar sobre a chegada das chuvas ao Centro-Sul do Brasil neste final de ano. Em entrevista ao Estadão, Ciocchi afastou a possibilidade de racionamento de energia e disse que, com os reservatórios deixando a trajetória de queda dos últimos meses, o ONS será mais seletivo no acionamento de usinas termelétricas. Por outro lado, ele confirmou que a tarifa elétrica vai continuar salgada para os consumidores brasileiros, pelo menos até abril. Poder360 e UOL também destacaram o alívio de Ciocchi com a volta das chuvas.

E com a conta de luz ainda bem cara, o mercado de aquecedores solares seguirá bombando no Brasil no próximo ano. De acordo com estimativas da ABRASOL, citadas pelo Valor, o setor espera por um crescimento de mais de 30% no ano que vem, impulsionado pela procura crescente por consumidores preocupados com os custos da tarifa elétrica. Só nos primeiros oito meses de 2021, as vendas desse equipamento cresceram 28% no país.

Em tempo: Na Folha, Phillippe Watanabe abordou aquela que pode ser a próxima fronteira da energia limpa no mundo – a fusão nuclear. Para alguns cientistas, a alternativa pode ser chave para que a economia global consiga superar sua dependência de combustíveis fósseis e reverter a curva das emissões de carbono causadoras da mudança do clima. O problema está exatamente no “pode ser” da frase anterior: a tecnologia de fusão ainda é incipiente e, considerando o ritmo dos avanços tecnológicos nessa área, é difícil que tenhamos um breakthrough dentro de um prazo que permita à humanidade se aproveitar dela para enfrentar a crise climática. A fusão é a fonte que os físicos prometem, desde o meio do século passado, sempre para daqui a dez anos.

 

ClimaInfo, 18 de novembro de 2021.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar