Escassez de água intensifica protestos contra governo no Irã

Iran escassez de água

Na semana passada, autoridades iranianas reprimiram com violência manifestantes na cidade de Isfahan, no centro do país, que protestavam contra a falta d’água. No último dia 26, depois de duas semanas de protestos pacíficos, as forças de segurança retiraram os manifestantes do leito seco do rio Zayendeh Rud com empurrões com escudo, golpes de cassetete e tiros para o ar. De acordo com a imprensa oficial iraniana, o ato teria sido organizado por grupos “antirrevolucionários” que estavam aproveitando a demanda dos agricultores e moradores da região para desmoralizar as autoridades islâmicas de Teerã.

A falta de chuvas é um problema crônico no Irã que vem se intensificando com a mudança do clima; segundo especialistas iranianos, o país vive sua pior seca em 50 anos. Para piorar, a construção de canais de irrigação e reservatórios, além de oleodutos, acabou desviando o Zayandeh Rud, prejudicando agricultores que dependiam do rio para manter suas lavouras.

Bloomberg, NY Times e Reuters repercutiram os protestos e a repressão do governo iraniano em Isfahan. Já o Financial Times contextualizou a crise hídrica no Irã, sinalizando como as sanções internacionais impostas contra o país por conta de seu programa nuclear estão intensificando os problemas de desabastecimento hídrico.

Em tempo: Dois países na África subsaariana vivem situações hídricas distintas. No Sudão do Sul, o problema está nas chuvas intensas: o excesso de água está gerando enchentes e arruinando plantações, piorando a já grave situação de insegurança alimentar de um dos países mais pobres do mundo. O Guardian abordou a situação no país. Já na Tanzânia, a situação é inversa: na capital Dar-es-Salaam, seis milhões de pessoas estão sofrendo com cortes no fornecimento de água, precipitado pela falta de chuvas no país. No mês passado, que deveria ter inaugurado a temporada chuvosa na região, a água não caiu do céu; em compensação, os termômetros atingiram temperatura diária máxima de 33,8°C. Como resultado, a principal fonte de água da cidade, o rio Rivu, enfrenta um déficit hídrico de quase 100 milhões de litros de água. A Al-Jazeera deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, de dezembro de 2021.

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