Preço dos fósseis alimenta a inflação global, viabiliza o hidrogênio e traz de volta à pauta a energia nuclear

1 de dezembro de 2021

O gás natural supre um terço da demanda de energia residencial na Europa e metade nos EUA. Só entre junho e setembro deste ano, a despesa com gás aumentou quase 8% na Europa e quase 7% nos EUA. No Reino Unido, o preço da gasolina na bomba subiu quase 30% no último ano. Há uma inflação fóssil na rota da economia global (o preço do gás no mercado atacadista simplesmente triplicou) e nem todos estão perdendo. Pelo contrário: uma investigação da Global Witness descobriu que 14 dentre os 20 maiores produtores de gás natural lucraram US$ 65 bilhões só nos três meses entre julho e setembro. Os outros 6 não divulgaram seus resultados e a Global Witness acredita que esse número ficaria ainda maior. Dentre as 20, estão os suspeitos de sempre: a Saudi Aramco abocanhou quase metade. A Exxon e a Chevron lucraram US$ 6 bilhões cada. Total, Equinor e a Eni, juntas, lucraram outros US$ 7 bilhões e por aí vai. O problema é que parte desse gás vem do Sul Global e a subida dos preços, em tese, também aumentou as receitas de países como o Senegal. O presidente Macky Sall disse na 2ª feira (29/11) que uma decisão de parar o financiamento da exploração do gás seria fatal para vários países africanos. A notícia é da Reuters.

Só o começo da recuperação no 2º trimestre já elevou as emissões europeias em 18%, segundo a Reuters. A crise de preços do gás e petróleo dos últimos meses fez Índia, China e outros voltarem a queimar muito carvão, elevando ainda mais as emissões fósseis de 2021.

Frans Timmermans, o chefe da política climática da União Europeia, está conversando com os países para elevar a meta de instalar 80 GW de hidrogênio renovável até 2030, segundo a Reuters. A meta atual prevê 40 GW na Europa e a ajuda para instalar outros 40 GW “nas vizinhanças”. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que “devido ao atual aumento dos preços do gás que vemos, o hidrogênio verde [100% renovável], hoje, pode até ser mais barato do que o hidrogênio cinza [produzido a partir de fósseis]”. A notícia é da Reuters.

A BP planeja uma grande planta no Reino Unido, segundo a Reuters. E o Valor destaca que a francesa Engie escolheu o Brasil para desenvolvimento dos seus principais projetos de hidrogênio.

O New York Times e o Huffpost discutem a volta à pauta das nucleares, sempre no embalo da atual crise energética. Para o HuffPost, Lukas Ross, do Friends of the Earth, explica que “de todas as opções disponíveis para se manter os combustíveis fósseis no solo, as bombas nucleares são provavelmente as piores. Isto é uma distração cara quando as energias renováveis estão escondidas à vista de todos”, e conclui com “a indústria nuclear sempre foi melhor em divulgar comunicados à imprensa do que em construir reatores”.

 

ClimaInfo, de dezembro de 2021.

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