As lombadas para a expansão dos carros elétricos no Brasil

carros elétricos

Montadoras de todo o mundo anunciaram planos milionários de médio prazo para transformar suas frotas, e governos de alguns países dão descontos e subsídios para a compra de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês). Mas no Brasil esta transformação anda bem devagar.

Com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a Automotive Business informa que foram emplacados 34.990 automóveis e veículos comerciais leves elétricos no país no ano passado, um recorde. Isso é 77% a mais do que em 2020. A frota de eletrificados no país já é de 77 mil veículos. No entanto, as vendas de 2021 representam apenas 1,77% do total de emplacamentos do segmento no ano, de acordo com a FENABRAVE (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

A maioria dos eletrificados é híbrida, sendo apenas 8% puramente elétricos. Enfim, o Brasil corre o sério risco de ficar de fora da corrida por estes investimentos, dada a falta de uma estratégia nacional sobre qual modelo de descarbonização/eletrificação quer adotar no setor da mobilidade.

Enquanto isso, os vizinhos Bolívia, Argentina e Chile estão aproveitando o boom dos veículos elétricos para investir na mineração de lítio, um recurso não renovável e essencial para essa indústria. O entretanto é que o processamento do minério demanda um elevado volume de água, recurso cada vez mais escasso.

Segundo a InsideEVs, a China anunciou a intensificação do apoio a países emergentes no desenvolvimento de energia limpa, o que afetou diretamente o cenário de extração de lítio nesses países, também conhecidos por triângulo do lítio.

Já a Quartz Africa informa que os veículos de duas e três rodas são uma grande oportunidade para o setor de EVs naquele continente, mesmo que essa revolução somente esteja começando por lá. Vários governos têm grandes planos de expansão – como meio de criação de empregos, ajuda na despoluição do ar dos centros urbanos e para facilitar a reversão dos custosos subsídios aos combustíveis.

O Quênia quer que 5% das importações de carros sejam de veículos elétricos até 2025, e está cortando as tarifas de importação dos EVs pela metade. Gana, Ruanda, Seychelles e Maurício também reduziram as taxas de importação. O Egito planeja fabricar 20 mil EVs no mercado interno por ano a partir de 2023. A Namíbia quer 10 mil EVs nas estradas até 2030. A África do Sul tem como meta ter 2,9 milhões de EVs rodando até 2050.

Também de olho neste mercado, a Sony adicionará novos parceiros tecnológicos ao seu projeto de veículos elétricos para transformar os EVs em espaços de entretenimento, informa a CNN. A próxima transformação dos carros é, de certa forma, semelhante à da tecnologia da informação, a qual transformou os telefones em smartphones.

Um artigo da Bloomberg questiona até quanto os consumidores estão dispostos a pagar por inovações. De acordo com um estudo da J.D. Power publicado em outubro passado, a maioria dos motoristas não se preocupa em explorar novas tecnologias em seus carros.

Quando se trata da conexão de aplicativos com os veículos, 66% dos compradores de carros disseram que não estão dispostos a pagar nada pelos recursos do aplicativo.

O Financial Times vai na mesma direção, apontando a falta de infraestrutura para carregar o carro fora de casa como um dos problemas ainda a serem resolvidos para que consumidores possam aderir aos EVs.

 

ClimaInfo, 24 de janeiro de 2022.

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