Aquecimento dos oceanos passou de ponto de não-retorno, alertam cientistas

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O calor extremo nos oceanos passou do “ponto sem retorno” e se tornou o novo normal. É o que concluiu a pesquisa publicada na Plos Climate e conduzida por Kyle Van Houtan, da Duke University, em Durham, Carolina do Norte, e Kisei Tanaka, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.

A pesquisa revela que, em 2014, pela primeira vez se registrou mais da metade da superfície global do oceano com temperaturas consideradas extremas em comparação com a linha de base histórica. No caso do Atlântico Sul, a data é ainda mais distante: 1998.

O estudo mostra também que este percentual está evoluindo rapidamente: em 2017, 60% dos oceanos registravam temperaturas extremas. Para efeito de comparação, esse percentual era de menos de um quinto no início do século passado.

Mais de 90% do calor retido pelos gases de efeito estufa é absorvido pelo oceano, que desempenha um papel crítico na manutenção de um clima estável. “Ao usar essa medida de extremos, mostramos que a mudança climática não é algo incerto e pode acontecer em um futuro distante – é algo que é um fato histórico e já ocorreu”, disse Kyle ao Guardian.

Em alguns hotspots globais, as temperaturas extremas ocorrem 90% do tempo, afetando severamente a vida selvagem. Ainda segundo o Guardian, o número de ondas de calor que afetam os oceanos aumentou acentuadamente em 2019, matando faixas de vida marinha como “incêndios florestais que destroem enormes áreas de floresta”.

A New Scientist também repercutiu o estudo.

Em tempo: Estudo liderado pela University of Leeds traz uma previsão alarmante: mesmo se o mundo reduzir as emissões para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C, como preconiza o Acordo de Paris, ainda assim 99% dos recifes de coral devem morrer. Trata-se de uma catástrofe para as milhares de espécies marinhas que dependem deles para sobreviver e para um bilhão de pessoas que vivem da biodiversidade encontrada nesses ecossistemas. CanalTech, Guardian e The Conversation noticiaram.

 

ClimaInfo, 3 de fevereiro de 2022.

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