Os furos nos compromissos net-zero das grandes corporações

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Um exame dos compromissos de neutralidade climática (net-zero) de 25 das maiores corporações globais mostrou que, no agregado, elas declararam metas de redução de 40% de suas emissões, bem longe do que o net-zero sugere. Cinco delas prometem reduzir apenas 15% das suas emissões e a neutralidade é atingida simplesmente não contabilizando as emissões de toda sua cadeia de valor, o chamado Escopo 3, o que não é sério. Apenas Maersk, Vodafone e Deutsche Telekom foram consideradas sérias.

As reduções associadas a um verdadeiro net-zero somam 2,7 GtCO2e (bilhões de toneladas de CO2 equivalente). Dessas, apenas 0,5 GtCO2e constam das metas reais das 25. Ao não incluir as emissões de Escopo 3, as empresas deixam de agir sobre 1,3 GtCO2e. O trabalho considera que 0,7 GtCO2e aparecem em metas confusas e sem prazo. Finalmente, 0,1 GtCO2e seriam compensadas por créditos de carbono.

Entre as corporações em falta, a Climate Change News coloca a Nestlé, Unilever e Ikea no subtítulo da sua matéria. A BBC inclui a Amazon e a Apple na lista.

Por aqui, Sérgio Teixeira destaca na Reset a presença da JBS e da Vale na lista das pegas com muita promessa e pouca intenção de cumprir.

Vale ler as matérias de Guardian, Financial Times, Bloomberg, Washington Post e BBC. A pesquisa foi feita pelo New Climate Institute e pela Carbon Market Watch.

Da lista constam, ainda, Enel, Google, Hitachi, Volks, Walmart, MGW, Carrefour e Novartis.

Em tempo 1: O site Emissions Inequality tem dados correlacionando emissões e desigualdade social. Em 2015, os 10% mais ricos do mundo foram responsáveis por quase metade das emissões globais, enquanto a metade mais pobre emitiu apenas 7%. Vale ver os dados por país e distribuição de riqueza. O Guardian deu uma matéria a respeito dizendo que a diferença só aumenta.

Em tempo 2: Quem continua investindo nos combustíveis fósseis? Uma matéria da Bloomberg aponta o dedo para bancos e destaca que Wells Fargo, Citigroup e Morgan Stanley ganharam credenciais de sustentabilidade da MSCI, uma financeira norte-americana que, dentre outras, avalia quem está na frente no mundo ESG.

E a Economist fala do mundo das private equities que, nos últimos 2 anos, compraram mais de US$ 60 bilhões em ativos fósseis, mostrando que há dinheiro de sobra para postergar a transição energética.

 

ClimaInfo, 8 de fevereiro de 2022.

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