Reator a fusão nuclear ferve 60 chaleiras em 5 segundos: um recorde

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O reator experimental do consórcio Eurofusion sustentou uma fusão nuclear por 5 segundos, gerando quase 60 megajoules, o suficiente para ferver a água de 60 chaleiras, segundo informa o Financial Times.

A fusão nuclear é o Santo Graal de quem sonha com uma fonte de energia limpa e abundante. A física básica é relativamente simples: faça colidir dois átomos, por exemplo de hidrogênio, com velocidade suficiente para eles se fundirem de modo a formar, no caso, um átomo de hélio. Como a massa do hélio é menor do que a soma das massas dos hidrogênios, a diferença sai na forma de energia, obedecendo a famosa equação de Einstein (E=mc2). Assim, uma quantidade ínfima de matéria é convertida em uma quantidade monstruosa de energia. A fusão, aliás, é de onde vem a energia das estrelas, como bem lembrou a Bloomberg.

A bomba nuclear de hidrogênio faz fundir uma massa grande de hidrogênio, liberando uma energia capaz de promover um tremendo estrago. Há quase um século que os físicos tentam domar esta fonte de energia. O problema é que a fusão exige uma quantidade enorme de energia para começar. Na bomba, isso foi resolvido detonando primeiro uma bomba atômica tipo Hiroshima. Não dá para fazer isso em um reator. Desde a metade do século passado, a pesquisa é voltada a criar as condições para que a fusão aconteça de modo controlado. Desde então, sempre aparece alguém achando que a fera seria domada nos 10 anos vindouros. Virou piada dizer que os físicos são altamente coerentes ao manter os mesmos 10 anos de prazo, qualquer que fosse o dia.

Assim, ferver as chaleiras é de fato um avanço extraordinário no campo. O reator europeu manteve, pelos tais 5 segundos, a fusão de dois isótopos do hidrogênio, deutério e trítio, a uma  temperatura maior do que a do Sol. O próximo passo, talvez nos próximos 10 anos, é gerar mais energia do que a consumida para iniciar e controlar a fusão.

O avanço foi destaque na BBC, Guardian, Al Jazeera, RF1 e na I News.

A BBC Brasil publicou uma tradução do artigo de Jonathan Amos.

 

ClimaInfo, 10 de fevereiro de 2022.

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