Seca no oeste dos EUA é a pior em 1,2 mil anos, apontam pesquisadores

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A “megasseca” que afeta o oeste norte-americano há mais de duas décadas é considerada a pior em 12 séculos, sendo retratada como exemplo vivo dos impactos das mudanças climáticas provocadas pela ação humana.

A correlação entre este evento extremo e a crise do clima foi estabelecida por um estudo publicado na revista Nature Climate Change nesta 2ª feira (14/2). Os pesquisadores calcularam que pelo menos 42% da megasseca pode ser atribuída às mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis.

“O pior cenário continua piorando”, disse à Associated Press o hidrólogo climático e autor principal do estudo, Park Williams, da Universidade da Califórnia (UCLA). “Precisamos nos preparar para condições no futuro que serão muito piores do que isso”, alertou.

Segundo o pesquisador, existe uma relação direta entre a seca, o calor e os incêndios florestais que têm atingido a Califórnia nos últimos anos. Ele estima que a seca possa se prolongar por 23 anos, como indicou o New York Times, em matéria traduzida pela Folha.

À AP, Daniel Swain, cientista climático da UCLA que não fez parte do estudo, disse que, devido ao agravamento das mudanças climáticas, a seca deve se tornar permanente na bacia do rio Colorado ao longo do século 21. O estudo foi repercutido também no Guardian, Bloomberg, Washington Post e Wall Street Journal.

Em tempo: A seca também está intensificando a insegurança alimentar na região do Chifre da África. Segundo a Associated Press, 1,5 milhão de cabeças de gado morreram devido à estiagem que afeta a região. A produção de cereais está fortemente afetada, provocando uma crise humanitária principalmente na Somália, na Etiópia e no Quênia. Estamos à beira da catástrofe, disse Rein Paulsen, diretor de emergências e resiliência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A expectativa é de que o período chuvoso, entre março e maio, ajude a amenizar a situação, bem como investimentos de 130 milhões de dólares em ajuda emergencial.

 

ClimaInfo, 16 de fevereiro de 2022.

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