Dificuldades políticas travam agenda climática de Biden nos EUA

Biden agenda climática

Passados 13 meses da administração de Joe Biden, parece que a lua-de-mel com a imprensa internacional acabou, pelo menos no que se refere à política climática. Nesta semana, uma série de artigos apontou contradições relativas à gestão energética e ambiental do presidente norte-americano que podem dificultar o cumprimento dos compromissos assumidos por ele no Acordo de Paris, de cortar as emissões de gases de efeito estufa à metade até 2030.

Um artigo do Guardian mostra que, da forma como está, vai de mal a pior. Já a Bloomberg indica que, com o futuro incerto no Congresso, Biden agora está de olho na Suprema Corte. Isso porque os juízes, em sua maioria conservadores, vão ouvir, hoje, representantes das indústrias de carvão e de estados republicanos que são contra a autoridade da EPA – a Agência de Proteção Ambiental dos EUA – para regular as emissões de gases de efeito estufa do setor de energia. “A promessa do presidente Joe Biden de reduzir as emissões de gases de efeito estufa depende de regulamentações ambientais que a Suprema Corte pode destruir antes mesmo de serem escritas”, diz o jornal.

Em outra matéria, a Bloomberg mostrou que os EUA estão aquém da meta de energia limpa. Em 2021, o país adicionou 27,7 gigawatts de energia eólica, solar e de armazenamento, um ritmo que representa menos da metade do que era necessário para permanecer no caminho certo.

O Financial Times, lembrando o quanto Joe Biden gosta de carros, mostrou o quanto os veículos movidos a combustíveis fósseis agora se tornam uma pedra no sapato, não só pelas emissões de GEE que geram, mas pela escalada de preços da gasolina, que pressiona a inflação nos EUA. Para contê-la, a Casa Branca já estaria estudando eliminar impostos sobre a gasolina, o que vai na contramão do discurso climático.

O Wall Street Journal destacou o quanto os EUA estão se beneficiando da crise energética da Europa, decorrente da instabilidade política e da ameaça de invasão da Ucrânia pela Rússia. O país, que faz papel de durão nas negociações com o governo russo de Vladimir Putin, se tornou o maior exportador global de gás natural pela primeira vez na história.

Já a Europa segue disposta a avançar no debate climático do bloco. Segundo o Euractiv, uma cúpula europeia sobre mudanças climáticas está agendada para os próximos dias 7 e 8 de março, na França, quando serão discutidos a implementação do “Green Deal” e os desafios das ações de mitigação e adaptação climática no território europeu. O site também informou que formuladores de políticas da União Europeia estão criando as bases para o mercado de carbono no bloco na tentativa de prevenir escaladas de preços como a que ocorreu na semana passada, quando as licenças de emissões de CO2 no bloco bateram recorde, chegando a 98,49 euros por tonelada.

 

ClimaInfo, 18 de fevereiro de 2022.

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