Alemanha reage à escalada russa na Ucrânia e suspende polêmico gasoduto Nord Stream 2

Alemanha Nord Stream 2

Após Putin reconhecer os territórios separatistas pró-russos na Ucrânia, o chanceler alemão Olaf Scholz anunciou ontem (22/2) que a certificação do gasoduto Nord Stream 2 está suspensa. A estrutura de 1.230 km é o maior gasoduto submarino do mundo, está pronta desde setembro e custou US$ 10 bilhões. A propriedade e o controle do gasoduto é exclusivo da estatal russa Gazprom, mas metade do dinheiro para a construção veio de empresas europeias de energia – OMV, Shell, Engie, Uniper e Wintershall.

A oposição ao Nord Stream 2 sempre foi enorme, e os críticos sempre exortaram o país a apostar nas energias renováveis. Os argumentos políticos e climáticos alertavam que o projeto faria a Europa – e não apenas a Alemanha – excessivamente dependentes do gás russo, e que isso seria usado por Putin para ameaçar territórios vizinhos, enquanto Berlim teimava que o gasoduto era uma questão puramente econômica.

Ao menos a primeira resposta de Moscou parece ser mesmo no campo econômico: Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, advertiu que o anúncio da Alemanha fará os preços dispararem. “Bem-vindo ao admirável mundo novo onde os europeus vão pagar muito em breve 2.000 euros por 1.000 metros cúbicos de gás natural”, tuitou.

A CNN deu destaque à dependência europeia do gás dos russos, e informou que o GNL dos Estados Unidos e do Qatar está pronto para ajudar o bloco a suportar quaisquer interrupções nos fluxos de gás.

Por enquanto, a União Europeia garante que o abastecimento não está ameaçado. De qualquer forma, a região está obrigada a rediscutir sua segurança energética, reporta a AP, sendo um dos debates a ainda baixa integração energética entre os países do bloco.

É claro que em meio às turbulências, o preço do petróleo disparou, com o brent chegando perto dos US $100 nesta 3ª feira (22/2). Um iminente acordo nuclear com o Irã pode trazer algum alívio ao mercado, com os barris iranianos aumentando a oferta, aposta a Bloomberg.

Coberturas generosas sobre o contexto da decisão alemã podem ser lidas em DW, O Globo, g1, Valor, Político, WSJ, The Guardian e AP.

 

ClimaInfo, 23 de fevereiro de 2022.

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