Logo no início da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Alemanha deu a entender que estava revendo sua política energética e que todas as opções estavam em cima da mesa para reduzir a exposição do país ao gás russo. Entre elas, segundo a Reuters, estender as licenças de térmicas a carvão e de usinas nucleares e ampliar as instalações de unidades de regaseificação para receber mais gás natural liquefeito.
A RF1 conta que, no domingo passado, o chanceler Olaf Scholz colocou no alto a meta de reduzir a dependência em relação à importação de energéticos. A matéria sugere que as metas climáticas alemãs podem ser adiadas.
Ontem, a Bloomberg contou que a opção nuclear ganhou tração em outros países. Na Finlândia, a geradora Fortum pediu a extensão da licença da usina nuclear de Loviisa até 2050; a previsão era fechar a usina em 2030. A matéria ainda menciona a Coreia do Sul mirando a nuclear com carinho.
Nas Filipinas, o presidente Duterte assinou um decreto recolocando a fonte nuclear nos planos energéticos do país para acelerar o fechamento de térmicas a carvão (importado). A notícia é da PhilStar e da Reuters, que contou que Duterte incluiu a possibilidade de reabrir a já fechada usina de Bataan.
Mas esses olhares para o nuclear podem não trazer a tal segurança energética tão fortemente desejada. A Rússia produz 35% de todo o urânio enriquecido do mundo, quase o dobro do 2º colocado, informa a Bloomberg. 20% dos reatores norte-americanos são alimentados com urânio russo.
Afora os EUA, apenas China, França e Reino Unido são players importantes neste mercado; Japão, Brasil, Índia e Irã têm alguma capacidade de enriquecimento.
A E&E News conta que uma associação de geradores nucleares norte-americanos pediu ao governo Biden que não incluísse o combustível nuclear na lista das próximas sanções. Ao contrário, aliás, da pressão que o lobby petroleiro americano está fazendo para bloquear as compras de fósseis russos.
ClimaInfo, 4 de março de 2022.
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