EUA frustram países pobres com financiamento climático diminuto

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No começo de 2021, o governo de Joe Biden nos Estados Unidos tinha prometido elevar o fluxo de financiamento climático internacional do país para US$ 11,4 bilhões anuais até 2024. No entanto, o Congresso norte-americano aprovou uma fração mínima desse valor para 2022 – apenas US$ 1 bilhão, um montante apenas US$ 387 milhões superior à média anual observada na gestão do antecessor de Biden na Casa Branca, o negacionista climático Donald Trump.

O Climate Home destacou a frustração de ativistas e especialistas climáticos com a timidez do financiamento climático norte-americano. Um cálculo feito por Joe Thwaites, pesquisador do World Resources Institute, indica que, nesse ritmo, os EUA atingiriam a meta de US$ 11,4 bilhões em financiamento climático internacional apenas em 2050. Para Tontie Binado, da ActionAid em Gana, o valor de US$ 1 bi é “uma traição” do governo norte-americano aos países pobres e vulneráveis que dependem desses recursos para reduzir suas emissões e se adaptar aos efeitos da mudança do clima. “Como eles podem fingir ser líderes climáticos quando se recusam a reparar os danos que causaram a países como o meu?”, questionou.

O montante oferecido pelos EUA está muito aquém daquilo sugerido por pesquisas recentes sobre a parcela justa de financiamento climático que o país deveria disponibilizar para o resto do mundo. Uma análise do Overseas Development Institute (ODI) indica que o governo norte-americano  deveria fornecer entre US$ 45 e 50 bilhões anuais, considerando o tamanho de sua economia e suas responsabilidades históricas sobre a crise climática. Assim, o valor efetivamente oferecido pelo país neste ano representa apenas 2% do montante total sugerido.

A Associated Press também repercutiu a notícia.

Em tempo: As negociações em torno de um novo pacto internacional para proteção da biodiversidade foram retomadas nesta 2ª feira (14/3) em Genebra, na Suíça. As discussões acontecem no âmbito da Convenção sobre Biodiversidade (CDB), que teve seu calendário profundamente afetado pela pandemia de COVID-19 nos últimos dois anos. No entanto, o cenário geopolítico é a bola da vez: com a crise causada pela invasão russa à Ucrânia, os negociadores terão o desafio de separar a guerra das discussões sobre biodiversidade. A ideia é que esse acordo seja concluído a tempo de ser assinado na 2ª parte da Conferência de Kunming, na China, que deve acontecer depois de abril. Associated Press e Reuters deram mais detalhes.

 

ClimaInfo, 15 de março de 2022.

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