Na surdina, o ministério de relações exteriores reverteu parcialmente na semana passada as mudanças em sua estrutura administrativa feitas no começo do governo Bolsonaro. Com isso, o Itamaraty voltou a contar com uma divisão específica para clima, que tinha sido desfeita na gestão do ex-chanceler Ernesto Araújo. De acordo com O Globo, a reconstituição do setor de clima, bem como a criação de um departamento para desenvolvimento sustentável, é uma resposta às pressões internacionais, em especial aquelas relacionadas com o processo de adesão à OCDE, prioridade da agenda do atual chanceler, Carlos França.
Por falar em política externa, o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, aproveitou sua passagem pela Europa para vender o potencial do Brasil na produção de hidrogênio verde. “Vamos ter um pré-sal de energia offshore, só que de energias renováveis”, disse Leite ao Estadão em Paris. A ideia do ministro é que o país receba investimentos internacionais nos próximos anos, a partir da regulamentação da produção eólica offshore, para angariar recursos no desenvolvimento e na ampliação da geração de hidrogênio por fonte renovável no Brasil. A CNN Brasil também destacou a fala de Leite.
No entanto, o governo Bolsonaro ainda segue na base das promessas, incapaz de mostrar qualquer resultado prático de sua “política racional” para o meio ambiente em termos de combate ao desmatamento. Sem nenhum resultado positivo para destacar, o governo vai apelar para mais promessas em uma nova rodada de promoção da imagem do país no exterior. Malu Gaspar deu detalhes n’O Globo sobre um contrato de R$ 60 milhões assinado com a empresa de relações públicas FSB Comunicação: noves fora o valor incomum, as circunstâncias da escolha da empresa também levantaram suspeitas de favorecimento e direcionamento no Tribunal de Contas da União. Outro ponto problemático levantado pela Corte foi o briefing da licitação feito pelo governo, que destaca dados distorcidos sobre o desmatamento na Amazônia no ano passado.
ClimaInfo, 4 de abril de 2022.
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